A retomada do Mercosul

O governo Lula completa hoje seu primeiro mês de gestão. Dentre as medidas de relevância destes primeiros dias, vale destacar a ofensiva do governo em reconstruir as relações comerciais, começando pelos países vizinhos, integrantes do Mercosul.

Na semana passada, Lula visitou Argentina e Uruguai, países que totalizaram com o Brasil uma corrente de comércio de US$ 33,1 bilhões em 2022.

Na visita à Argentina, a ideia de uma moeda comum entre os dois países voltou a ser abordada e gerou polêmica. O ministro Fernando Haddad veio a público explicar que não se propõe uma moeda única como o Euro na Europa, mas uma nova referência para as transações comerciais.

Não haveria a substituição do real e do peso, mas haveria uma moeda digital para ser usada apenas nas transações comerciais entre os dois países, no lugar do dólar e evitando os impactos de oscilações externas da moeda norte-americana.

No Uruguai, o presidente Lula discutiu a crescente aproximação daquele país com a China. O Uruguai tem debatido um possível acordo bilateral com o país asiático fora do Mercosul, o que não está previsto pelo acordo de integração.

O governo Lula defendeu uma negociação em bloco entre Mercosul e China, e falou da necessidade de modernizar o Mercosul. A posição brasileira é que seja feita uma negociação no contexto e no ambiente do bloco econômico, como se deu em relação ao acordo do Mercosul com a União Europeia.

O fato é que, em apenas um mês, o Brasil retoma o protagonismo nas relações comerciais da região, e retoma também a confiança dos demais países da América do Sul para o devido avanço da integração regional.

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