A socialização pela bola

Nas escolinhas de futebol de Diadema, crianças aprendem a valorizar a vida em comunidade, respeitar seus valores e direitos.

Escolas de futebol socializam garotada

Muito mais que aprender
a jogar futebol, as 4.500
crianças e adolescentes que
frequentam as aulas do Projeto
Bola, Educação e Cidadania
aprendem a valorizar a vida
em comunidade, respeitar
seus valores e direitos.

Nascido há 10 anos da
vontade do ex-jogador profissional
João Batista Barbosa,
o projeto ganhou corpo
e hoje atua em 10 campos
espalhados pelos bairros de
Diadema.

São 450 crianças, em
média, dos 6 aos 17 anos,
que treinam três horas por
semana em cada um dos
campos.

“Nosso objetivo é educar
pelo futebol, ensinar as
crianças a respeitar a comunidade
em que vivem,
a importância do trabalho
coletivo e social, fazer delas
cidadãs”, explica Barbosa.

Início – Para tocar a iniciativa,
João e um grupo de exjogadores
fundaram a ong
Diadema 21, que mantém
convênio com a Secretaria
de Esportes da cidade para
a manutenção das escolinhas.

Não há distinção entre
os alunos. São desde crianças
carentes ou em situação
de risco social, até aquelas
que os pais poderiam pagar
um curso numa destas escolas
dos grandes clubes.

“A diferença é que nestas
escolas as crianças não
contam com o fator socialização
que promovemos
aqui”, afirma o ex-jogador.

Acompanhamento escolar
é outra das preocupações,
observa a assistente social
da ong, Waldiana Carneiro.
“Quando alguma criança
apresenta baixo rendimento
no estudo, a suspendemos
dos treinos. A falta que ela
sente do futebol cria um estímulo
para se recuperar, estudar
mais e voltar a jogar”,
conta Waldiana.

Talento – E futebol, se aprende
na escola? Francisco Paulo,
o Mendonça, outro ex-jogador
profissional e monitor da
escolinha, diz que não. “O
talento é natural de cada
criança”, responde. “O que
fazemos é ensinar fundamentos,
posicionamento em
campo etc. Construímos o
jogador”, completa.

O menino Gustavo, de
12 anos, quer ser zagueiro e
diz que aprendeu muito na
escolinha. “Sei fazer um cruzamento
e dominar a bola”,
conta orgulhoso.

Já Luciano, de 13, não
tem esperança na profissão
de atleta porque afirma não
levar jeito com a bola. “Venho
aqui para me divertir”,
responde, revelando outra
das funções da escolinha.

Sindicato quer divulgar projeto

O Projeto Bola, Educação
e Cidadania custa R$ 1
milhão por ano e a Prefeitura
de Diadema banca a
maior parte do valor.

O recurso não é suficiente
para o atendimento
pleno dos garotos, especialmente
alimentá-los.

Muitos meninos não
têm alimentação suficiente
para a prática do futebol.
Hoje, eles têm um lanche
servido pelo Ministério do
Esporte, mas essa ajuda é
temporária.

“Vamos divulgar o
projeto, mostrá-lo a empresas
e aos trabalhadores
com a finalidade de conseguir
parcerias”, comenta
Antonio Claudiano da Silva,
o Da Lula, do Comitê
Sindical na IGP.

Amanhã haverá festival
de futebol que encerra
as atividades da escolinha
neste ano. A festa será no
campo do Piraporinha, rua
Dona Ida Serrati Magrini,
s/n) a partir das 8h.