ABC perde 94 mil empregos industriais entre 2011 e 2019

Estudo do Dieese aponta que em 2000, 37% dos empregos na região eram industriais, hoje são apenas 24%. Durante a pandemia foram perdidos mais de 30 mil postos de trabalho no ABC

Em estudo divulgado este mês, a Subseção do Dieese no Sindicato traz informações detalhadas sobre o setor produtivo no ABC entre 2010 e 2020 com dados específicos sobre área de atuação, salário e gênero nos sete municípios. A pesquisa aponta que a queda na produção industrial na região é reflexo dos resultados nacionais, com o agravante de que o Estado de São Paulo não promoveu o impulsionamento das áreas industriais tradicionais. O documento também faz um recorte das demissões no período de pandemia.

No início do milênio, o total de empregos na indústria no ABC representava 37,4%. Este ano, o percentual está em 23,9%. Apenas entre 2011 e 2019 foram perdidos 94,3 mil postos de trabalho, uma redução no período de 36%.

Sete municípios

Segundo o levantamento, houve queda de 9 pontos percentuais na participação industrial nos sete municípios, entre 2010 e 2020. As maiores baixas ocorreram em Diadema e Mauá. Apenas no setor metalúrgico, neste mesmo período, foram perdidos 44% dos empregos.

O diretor executivo do Sindicato e vice-presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, reforçou que o impacto na desindustrialização no país tem reflexo direto na região. “O país está sofrendo com o desmonte da indústria e a gente sofre de forma mais acelerada que os demais lugares do Brasil. O Sindicato tem discutido as alternativas da região para conter esse desmonte da indústria. Temos feito discussões sobre o zoneamento territorial, atração de novos investimentos, salto tecnológico, além dos problemas de cada empresa”.

O dirigente destacou a importância da articulação regional para fortalecer o setor industrial. “O Sindicato acredita na governança regional, por isso retomou o debate da Agência de Desenvolvimento que tem a tarefa de planejar o ABC. Umas das grandes discussões que temos feito é o planejamento regional para projetar o ABC para próxima década e o Sindicato vem agindo ativamente nesta pauta”.

Fortalecimento do polo automotivo do ABC

Os Metalúrgicos também debatem com o governo do Estado o fortalecimento do polo automotivo do ABC com a sugestão de quatro iniciativas.

– Arena de oportunidades
promover encontros entre as montadoras, sistemistas e fornecedores

– Rodada tecnológica
aproximação das montadoras com universidades, institutos de pesquisa e agência de fomento para discutir a melhoria do processo produtivo

– Financiamento produtivo
discussão da sustentabilidade financeira das empresas para darem um salto e se modernizarem

– Capacitação profissional e empresarial
atender às novas demandas e promover os saltos tecnológicos necessários em todos os cargos

Empregos perdidos na pandemia

O estudo do Dieese aponta ainda que entre janeiro e agosto desde ano, com o agravamento da crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus, 30,9 mil postos de trabalho foram fechados no ABC, sendo 28% deles na indústria de transformação.

Contratação de mulheres

Outro dado do estudo diz respeito às contratações na indústria por gênero. Segundo o levantamento, cresceu em 60% (24 mil) os empregos femininos entre 2000 e 2013. Porém, nos 7 anos seguintes, 32% deles foi eliminado (-20 mil).