ABCD cria emprego, mas ainda demite muitas pessoas

Região gera 2.232 vagas de trabalho em janeiro; apesar do resultado mais de 27 mil pessoas foram demitidas

O ABCD gerou 2.232 vagas de emprego com carteira assinada no mês passado e se recuperou da perda mais de mil vagas de trabalho registrada em dezembro de 2010. O desempenho é típico para o período e pode ser explicado pela demissão dos trabalhadores que possuíam contratos temporários e a contratação de novos profissionais em janeiro.

De acordo com o economista da subseção do Dieese do Sindicato dos Químicos do ABC, Thomaz Ferreira Jensen, o grande volume de demissões e contratações realizadas entre o final e o início do ano apresenta o maior desafio para trabalhadores e empresários. “O saldo positivo no emprego é muito importante, mas o número alto de desligamentos mantém elevado o índice de rotatividade de trabalhadores, que reduz os ganhos reais salariais das categorias na Região”, afirma.

Thomaz explica que os profissionais contratados passam a receber cerca de 90% dos rendimentos daqueles que foram desligados, que, em geral, tinham entre dois e três anos de empresa. “São pessoas que adquiriram qualificação. As empresas investem na qualificação do trabalhador para depois demiti-lo, o que é incoerente. Para o Dieese, o certo é optar por contratos longos de trabalho, com formação continuada para os trabalhadores”, alerta.

O percentual de rotatividade de trabalhadores na Região varia de acordo com o segmento da atividade econômica. Nas montadoras, por conta da representação sindical, o índice é muito baixo. Na indústria química da Região, a rotatividade atinge 30% dos trabalhadores. Já na construção civil o percentual é considerado muito alto.

As 140 vagas geradas em janeiro na construção civil do ABCD, por exemplo, representam apenas 5% do total de trabalhadores empregados pela atividade no mês na Região. Na indústria de transformação o índice foi de 17% e no setor de serviços de 12%. No mês passado, enquanto 29.573 mil trabalhadores tiveram a carteira assinada, outros 27.341 eram demitidos na Região. “A rotatividade é muita alta para uma Região com tantas indústrias”, conclui Thomaz.

Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego e foram divulgados nesta quinta-feira (25/02).

Emprego no País tem segundo melhor resultado desde 1992
O Brasil gerou 152.091 empregos formais em janeiro, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho. Foram admitidos 1,65 milhões e demitidos 1,49 milhões de trabalhadores. É o segundo melhor saldo da série histórica, que teve início em 1992. O melhor saldo para meses de janeiro foi em 2010, com a geração de 181.418 empregos formais.

Os setores que mais contribuíram para o saldo positivo foram os de serviços (71.231), da indústria de transformação (53.207) e da construção civil (33.358). Por fatores sazonais, os únicos setores que apresentaram saldo negativo foram o comércio (-18.130) e a administração pública (-1.042).

O Sudeste foi a região que apresentou a maior geração de empregos (71.095), seguido do Sul (49.075) e do Centro-Oeste (28.552).

Para o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, não houve desaceleração na geração de empregos em janeiro de 2011 em relação ao mesmo mês do ano passado. Segundo ele, o que ocorre é uma adequação do mercado de trabalho. “Esse comportamento é momentâneo e acredito que em três ou quatro meses isso pode mudar. Para mim o mercado está muito forte”, afirmou.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, o ano de 2010 fechou com uma geração de 2,55 milhões de empregos. Isso se deve à entrega de dados atrasados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), que leva em conta celetistas e servidores públicos federais, estaduais e municipais. Sem esse ajuste, 2010 fechou com 2,13 milhões de empregos.

Do ABCD Maior