Abertura do 9º Congresso marca a luta das mulheres
Foto: Adonis Guerra
O presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, convoca toda a categoria para participar do 9º Congresso dos Metalúrgicos do ABC, que começa na sexta-feira, dia 9, às 18h, na Sede.
Em entrevista à Tribuna, Wagnão explicou a importância da participação de todos os trabalhadores para estabelecer as diretrizes do mandato e os rumos dos Metalúrgicos do ABC.
Tribuna – O que o Congresso representa para o Sindicato?
Wagnão – O Congresso é o momento político mais importante desta categoria. Chamamos os trabalhadores para definir os rumos, pensar, se envolver e participar das decisões que vão nortear as lutas do Sindicato. Isso acontece no momento em que o País passa por transformações muito fortes.
Tribuna –Que transformações são essas?
Wagnão – O mundo está mudando. Existe um forte ataque conservador na forma de condução das economias dos países em que as fronteiras nacionais deixam de ter importância.
São duas questões extremamente importantes ao aliar um grande avanço da política neoliberal, com a diminuição do papel do Estado, em que cada pessoa tem que se virar por si só e o Estado protege as grandes corporações, não mais o ser humano. E as indústrias se adaptando a um tipo de relação e produção em que cada vez o trabalhador é menos importante nela.
A gente acredita que esse Congresso tem por obrigação discutir que mundo é esse e as alterações pelas quais a indústria está passando.
Tribuna – Como essa conjuntura reflete no Brasil?
Wagnão – A reforma Trabalhista é uma adaptação a esse tipo de relação e foi pensada para esse novo mundo e para essa nova relação do trabalho com a desregulamentação, o fim da carteira de trabalho, a liberação da terceirização em qualquer posto de trabalho, o incentivo à meritocracia, ao microempresário individual como alternativa nas relações de trabalho, ao trabalho realizado em casa. Tudo isso foi recentemente aprovado no Brasil e conversa com essa nova estrutura de relações de trabalho no mundo moderno.
Não são só questões internas da fábrica, mas as que nos afetam fora dela. Por exemplo, a saúde e a educação têm que ser pública e de qualidade, e não individualizada. Tem os processos de precarização do Estado e de perda de autonomia para decidir os rumos do País.
É um desafio da categoria pensar nisso e dar sequência ao que nosso Sindicato sempre defendeu com espírito de classe, solidário e de quem se enxerga enquanto categoria para se proteger dessas condições.
Tribuna – Qual a expectativa do Sindicato para esse Congresso?
Wagnão – Essa é uma categoria extremamente politizada, participativa e questionadora e é bom que ela seja assim. Nós aprendemos a ser assim. A nossa expectativa é que nesse Congresso, a categoria participe, se envolva, dê ideias e propostas.
Estamos criando as oportunidades para que todos e todas estejam presentes aos debates, plenárias e grupos de trabalho, que acontecerão antes das plenárias finais, que são as deliberativas.
Vamos juntos pensar o Brasil, o mundo, a categoria, a indústria e as questões sociais, do negro, das mulheres, da juventude, da pessoa com deficiência e dos LGBTs. Todos os assuntos que envolvem a categoria e estão presentes no dia a dia, não só das fábricas, mas das pessoas.
É isso que contribui para que esse Sindicato continue sendo arrojado, propositivo e que aponta caminhos para a classe trabalhadora.
Tribuna – Por que a abertura vai marcas os 40 anos do 1º Congresso das Metalúrgicas do ABC?
Wagnão – Porque as mulheres são maioria na nossa sociedade, mas econômica e politicamente não representam isso. Se a gente quiser construir de fato uma sociedade igualitária, as mulheres precisam ter a representação do que de fato elas são e do que a luta delas representa.
Não se trata de uma homenagem, o mês de março e a abertura do Congresso têm que marcar a luta das mulheres pela igualdade. Assim como a luta dos companheiros negros, da juventude e das pessoas com deficiência por igualdade na sociedade, ela tem que ser reconhecida e de todos nós. Homens e mulheres na luta por uma sociedade igual e justa, assim vamos ter um País decente.
Da Redação.