Abimaq teme piora do déficit comercial no setor
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, classificou como um “crime contra o Brasil” a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros. O Banco Central (BC) aumentou em 0,5 ponto percentual a Selic, que passou de 11,25% para 11,75% ao ano. Em nota divulgada à imprensa, o dirigente da entidade alertou quanto ao risco da elevação dos juros pressionar o câmbio e “piorar o déficit comercial de setores da indústria de transformação”.
“Tentam vender a ideia de que há risco de descontrole da inflação, como se houvesse escassez de bens de consumo ou como se a taxa de juros fosse um remédio eficaz para controlar os preços dos alimentos”, afirmou. “Será que o aumento da Selic é o antídoto adequado para segurar o preço do feijão, da batata, da carne ou das commodities?”, questionou.
Para Aubert Neto, não há na atualidade sinais de inflação de demanda no Brasil. “Não tem fila para comprar nada. Não há aumento nos preços dos automóveis e das geladeiras. Os eletroeletrônicos estão com preço em queda”, afirmou.
Aubert sugeriu que, no lugar de elevar juros, o governo aperte o crédito via aumento dos compulsórios. “Outra medida é limitar o prazo de financiamentos de carros para 36 meses e com 30% de entrada, e o de eletroeletrônicos para 24 meses”, propõe.
Anefac – A alta de 0,5 ponto percentual da Selic, anunciada pelo Copom, terá um efeito reduzido nas operações de crédito, na avaliação da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). A associação projetou o impacto da elevação da Selic, de 11,25% para 11,75% ao ano, sobre as taxas cobradas de consumidores e empresas.
De acordo com a Anefac, o efeito será pequeno porque “existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas cobradas ao consumidor que, na média da pessoa física, atingem 121,46% ao ano”. A diferença entre a Selic e o que é efetivamente cobrado das empresas também é grande.
Pelas projeções da Anefac, a alta da Selic para 11,75% ao ano fará os juros cobrados no comércio subirem de 96,49% para 97,38% ao ano. A taxa média do cartão de crédito passará de 238,30% para 239,77% ao ano. No caso do cheque especial, a alta da Selic fará a taxa de juros subir de 141,66% para 142,74% ao ano.
As operações de crédito em bancos e financeiras também ficarão um pouco mais caras para o consumidor. A taxa de juros média do crédito direto ao consumidor (CDC) oferecido por bancos para a compra de automóveis subirá de 33,86% para 34,49% ao ano. Já o empréstimo pessoal realizado em bancos passará de 76,53% para 77,34% ao ano.
Do Diário do Comércio