Abolição

“Presa nos elos de uma só cadeia,/
A multidão faminta cambaleia/
E chora e dança ali!/
Um de raiva delira, outro
enlouquece,/ Outro,
que martírios embrutece,/
Cantando, geme e ri!”
(“Navio Negreiro” – Castro Alves)

Há 120 anos, no dia 13
de maio de 1888, era assinada
a Lei Áurea. Em um
texto curto, assinado pela
princesa Isabel, decretou-
se, em dois artigos, a
extinção da escravidão no
Brasil.

Todos sabemos que, na
prática, a abolição não
aboliu nada. A atual situação
da população negra
brasileira é o retrato claro
de que muito esforço ainda
terá de se fazer para minimizar
as conseqüências.
Reconhecendo tal fato, em
março de 2003 o governo
Lula cria a Secretaria Especial
de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial.
A SEPPIR tem como
missão estabelecer iniciativas
contra as desigualdades
raciais no País.

São palavras do ministro
Edson dos Santos:

“Desde o momento em
que foram capturados pelos
traficantes de escravos
na África, os negros trazidos
para o Brasil sofreram
injustiças. (…). Contudo, a
população negra brasileira
soube resistir, se organizar
e alcançar muitas conquistas.

Avanços que começaram
em Palmares, com seu
sonho de liberdade. E que
em 13 de maio de 1888,
passaram – mas não culminaram
– pela Abolição
da Escravatura, que,
ao contrário do que tentou
impor a historiografia da
dominação, só foi possível
graças ao protagonismo do
povo negro brasileiro.

A Lei Áurea foi a vitória
de Zumbi dos Palmares
e Dandara, do poeta Castro
Alves, dos negros e republicanos
Luiz Gama e
José do Patrocínio, do negro
e monarquista André
Rebouças, e de tantos outros
negros anônimos que
lutaram, com os pés no
chão, contra a escravidão.
Não foi, no entanto, uma
conquista apenas dos negros,
mas sim uma vitória
de toda a sociedade brasileira…”

A data 13 de maio deve
ser considerada um lembrete
vivo de nossa dívida
histórica, não somente
com a população negra,
mas com todo aquele que,
de alguma forma, não usufrui,
hoje, dos direitos cidadãos
de uma democracia.

Departamento de Formação