Abolição, resultado de processo revolucionário

A abolição da escravidão em 13 de maio de 1888 foi o resultado de um processo revolucionário que remonta a mais de 300 anos, e não uma benesse do poder imperial, como a elite dominante da época tentou impor à história.
O historiador Henrique Cunha Júnior lembra que no 13 de maio, 700.000 pessoas que ainda eram mantidas injusta e criminosamente no regime de cativo conquistaram a liberdade. A população do País naquela época era de aproximadamente seis milhões de habitantes.
O dobro desta população já tinha a liberdade por meio das lutas de quilombos, revoltas e de outras formas como a compra de alforrias, pelas leis anteriores como a do ventre livre e a dos sexagenários. Possivelmente, mais do dobro dos negros, africanos e descendentes já estavam livres no momento do 13 de maio.
Para Cunha Júnior, todo esse processo se configura na maior mudança constitucional já feita até a data no País.
Por outro lado, produzia, também, um medo dos brancos poderosos de que a população negra, tanto livre como escrava, produzisse uma revolução conjunta depusesse os brancos do poder como tinha ocorrido a quase um século antes do Haiti.
No Brasil, as revoltas dos escravizados eram muito comuns.
Os quilombos eram numerosos em todas as partes e os proprietários viviam em clima de pavor contra possível reação da população livre escravizada.