Aborto: Decisão da Justiça retoma polêmica
No início deste mês, o Supremo Tribunal Federal decidiu permitir a interrupção da gravidez de feto anencefálico, aquele que se forma sem cérebro.
Essa má formação do feto é irreversível e ele não tem sobrevivência fora do útero. A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde nem considera um aborto, mas uma intervenção terapêutica, já que o feto sem cérebro não terá uma vida humana.
“Não se trata de uma agressão ao direito à vida ou um desrespeito aos portadores de deficiências físicas e mentais”, explicou a advogada Sylvia Romano.
Novos casos
Ela acredita que essa decisão do STF pode servir para ampliar, no futuro, o número de casos em que se torna legal a interrupção de uma gravidez.
Mesmo assim, setores religiosos condenam as mulheres que procuram solução para uma gravidez indesejada mesmo em situações em que o aborto é permitido, como nas situações de violência sexual e risco de morte para a mãe. Nestes casos, o objetivo é proteger a saúde física e mental da mulher.
A organização não-governamental Católicas pelo Direito de Decidir denuncia que o Estado não garante apoio suficiente para amparar a gestante nessas situações.
Dos 30 mil hospitais existentes no País apenas 44 contam com profissionais capacitados para atender a essas pessoas.
“É uma grande hipocrisia, pois ainda existem médicos que alegam impedimentos religiosos e éticos para descumprir a lei”, disse Rose Machado, da Comissão de Mulheres do Sindicato.
Por conta disso, muitas mulheres se submetem aos riscos de uma clínica clandestina ou então não abortam para não enfrentar o preconceito.