Ação mundial por inserção de pessoas com deficiência nas escolas vai até sábado
Segundo cruzamento de dados feito por Unicef, Campanha Nacional pelo Direito à Educação e Censo Escolar, em 2012, quase 140 mil crianças e adolescentes brasileiros de zero a 18 anos, com deficiência, estão fora das salas de aula
A 12ª Semana de Ação Mundial (SAM) pelo Direito à Educação Inclusiva, que começou no domingo (21) e segue até sábado, é uma iniciativa da Campanha Global pela Educação, realizada simultaneamente em mais de 100 países com o objetivo de envolver a sociedade civil em ações políticas de inclusão de minorias no sistema educacional. Um dos propósitos é alcançar a inserção de crianças e adolescentes portadores de deficiência, que representam um terço da população mundial fora da escola.
No Brasil, a SAM é coordenada pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). São promovidas atividades, palestras e debates em universidades e escolas brasileiras e ainda articulação entre entidades que defendem o direito à educação.
Segundo cruzamento de dados feito entre a Unicef, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação e o Censo Escolar em 2012, quase 140 mil crianças e adolescentes com deficiência de zero a 18 anos estão fora das salas de aula.
Júlia Ribeira, coordenadora oficial do programa de educação da Unicef Brasil, afirma que, mesmo com o crescimento do número da inserção nas escolas de crianças e adolescentes com deficiência no Brasil, um dos desafios no país é incluir esses jovens conforme preconiza o Plano Nacional da Educação (PNE), sancionado em junho deste ano. O plano prevê que em dez anos o Brasil universalize o acesso à educação para pessoas com deficiência.
“A gente tem 77% das crianças com deficiência no ano de 2013, elas estão em classes comuns e em escolas regulares, e a meta brasileira é chegar a 100% das matrículas”, diz Júlia, acrescentando que é preciso que esses jovens estejam em escolas comuns, pois eles não devem viver “apartados” da sociedade.
A Campanha Nacional pelo Direito à Educação e a Unicef realizaram, em 2010, um estudo intitulado “Fora da Escola Não Pode”. A pesquisa levantou que um terço das 3,8 milhões de crianças e adolescentes com deficiência em todo o mundo (27 países fazem parte do estudo), de quatro a 17 anos, estão fora das escolas.
“A gente identificou as barreiras e os gargalos pelos quais essas crianças estão fora da escola. Então, você tem a questão de ser negro no nosso país, de ser indígena, a questão de criança deficiente, gravidez na adolescência, baixa renda. A deficiência é um dos fatores”, enfatiza. Para Júlia, a barreira cultural ainda é um dos grandes problemas, pois pais e mães acreditam que ao privarem a criança com deficiência do convívio social, estão a protegendo da discriminação.
“Mas, na verdade, isso só impede de aprender a conviver com o outro, com o diferente, de ter um olhar para o diferente.” O estudo aponta que apenas 12% das escolas de educação básica têm sala de recursos multifuncionais e 22% das escolas possuem dependências acessíveis. A falta de acessibilidade e infraestrutura são também um dos fatores que impede a inserção do jovem com deficiência na escola.
Da Rede Brasil Atual