Acidente na Cabomat. Protesto na Dana. Descaso na Mahle

Operador sofre graves ferimentos com explosão de forno na Cabomat. Na Dana, trabalhadores cruzam os braços contra atendimento médico. Bronca na Mahle pela falta de CAT.

Cabomat – Forno explode e fere operador com gravidade

O operador do equipamento
Luiz Carlos Cajarana,
o Parafuso, de 27 anos,
ficou gravemente ferido em
consequência de acidente
ocorrido na quarta-feira,
por volta das 8h30, no forno
da Cabomat.

Segundo o Comitê Sindical,
a tampa do forno
sofreu um deslocamento e
provocou uma forte explosão
O jato de vapor que
saiu dele atingiu Parafuso de
frente. Com o impacto, ele
foi arremessado contra uma
parede a cerca de 5 metros.
Sofreu queimaduras no rosto
e no peito, além da forte
pancada. O operador está
internado no Hospital Jaraguá,
em São Paulo.

Logo após o acidente,
os trabalhadores pararam o
serviço e só o retomaram
ontem, após às 9h.

Adezildo Bezerra de
Figueiredo, o Amiguinho, do
CSE, disse que a explosão
foi tão forte que toda a fábrica
tremeu. “Se o deslocamento
da tampa tivesse sido
maior seria uma desgraceira”,
previu.

Amiguinho disse que o
forno, usado para o tratamento de arames, se assemelha
a uma panela de pressão
e tem capacidade para oito
toneladas. É aquecido a gás
e está instalado no chão.

“Não sabemos ainda
o que ocorreu”, afirmou
Amiguinho. Uma perícia da
polícia técnica e da empresa
que forneceu o equipamento
estava prevista para ocorrer
ontem à tarde.

Grupo Dana – Trabalhadores param contra atendimento médico

Cerca de
mil companheiros
nas fábricas
do Grupo Dana,
de Diadema,
cruzaram os
braços por duas
horas na manhã
de ontem contra
o péssimo atendimento
do médico
do trabalho
do grupo.

O problema é antigo.
Há muito tempo que o pessoal
reclama da forma grosseira
e desumana com que o
médico lida com as pessoas.
Segundo o Comitê Sindical,
ele desconsidera ou dá pouca
importância aos problemas
que os trabalhadores
lhes apresentavam.

As reclamações eram
tantas que o médico foi demitido
na quarta-feira.

“Ele chegou a dizer para
uma colega nossa que o
problema dela era a falta de
marido”, relatou José Inácio
de Araújo, o Caramujo
, diretor do Sindicato
e trabalhador no grupo.
“A outro companheiro, o
médico afirmou que não
queria saber de lixo”, citou,
como mais um caso de desrespeito.

Mais bronca – Junto a isso, segundo
Caramujo, o clima na fábrica é
de descontentamento
por conta
de reivindicações
que não
andam, como
a implantação
de um plano
de cargos e salários
e a isenção
das tarifas
bancárias. Os
trabalhadores
também estão bronqueados
com a pressão das chefias e
com as condições inseguras
de trabalho.

“O protesto de ontem
foi uma resposta a este acúmulo
de coisas”, afirmou
Caramujo. Contribuiu ainda
para desencadear o protesto
a notícia do falecimento de
uma trabalhadora na madrugada
de quarta-feira por
complicações cardíacas. Há
cerca de 20 dias ela teve uma
discussão com o mesmo médico.
Na sequência, sofreu
um derrame e ficou internada
por cerca de 15 dias, segundo
o Comitê Sindical.

Malhe Metal Leve – Produção cresce e descaso aumenta

Os companheiros na
Malhe Metal Leve, de São
Bernardo, acusam de mau
funcionamento os departamentos
de Segurança e de
Saúde da empresa. Uma das
principais reclamações são
as CATs, somente abertas
em casos mais graves como
perda de membros. Mesmo
assim, os documentos
ficam com a empresa, ou
seja, trabalhador e Sindicato
não recebem cópias, como
previsto em lei.

Só nos últimos 30 dias
já aconteceram mais de oito
acidentes. Dois deles graves,
como o de uma estagiária
que precisou da implantação
de um pino na mão e
o de um trabalhador que
perdeu parte de um dedo
numa brochadeira por falta
de sensores de segurança
nas proteções. Este defeito
já era de conhecimento
das chefias da segurança e
do setor, mas só foi consertado
depois que a CIPA
parou outras 13 máquinas
que também não ofereciam
segurança.

Truculência – Antes mesmo desse
caso, a CIPA já havia comunicado
a irregularidade,
mas as respostas da direção
da empresa foram ameaças
e advertências.

Como se não bastasse,
na última segunda-feira um
cipeiro passou mal e foi
levado até o ambulatório,
porém o médico, como de
costume, não estava, segundo
os trabalhadores. Então,
o companheiro ficou em repouso
até a chegada do médico,
que o medicou mas,
contraditoriamente, alegou
que ele não tinha nada. Para
piorar, a chefia lhe aplicou
uma advertência, com a
alegação de que ele estava
dormindo.

Depois do ocorrido, os
trabalhadores se revoltaram
e exigiram uma explicação.
Então, o Comitê Sindical
reuniu todos para expor de
que forma são tratados pela
direção.

“O resultado da reunião
dos trabalhadores foi
a elaboração de uma pauta
de reivindicações com todas
as irregularidades. Caso seja
necessário, levaremos o documento
para a matriz, na
Alemanha”, garante Amarildo
Sesário de Araújo ,
diretor do Sindicato.