Acidentes e fatalidades

Uma fatalidade!

Esta é, muitas vezes, a
única explicação para um
acidente no trabalho.

Um descuido, uma
desatenção ou um azar são
termos adicionais que tentam
ideologicamente dar
nome à fatalidade, indicar
um sujeito oculto como causa.

Um comportamento
inseguro. A imposição de
culpa a alguém que por fatores
familiares, culturais ou
de personalidade, vive provocando
ou envolvido em
situações arriscadas é uma
vítima potencial.

Um engano!

Encontrar o culpado, o
responsável, é a justificativa
para desviar as atenções
das verdadeiras causas do
acidente. Em geral, a própria
vítima.

Esclarecida a culpa legitimam-
se as punições adicionais
àquelas já determinadas
pelo acidente. Uma
vez enquadrado o desastrado,
toca-se a vida como se
tudo estivesse resolvido.
Mas, não está.

Acidentes acontecem
por uma conjunção de fatores
evidentes, ignorados e
subestimados. Acidentes avisam
que vão acontecer.
Para cada um que se consuma,
aconteceram antes cerca
de 600 incidentes, os chamados
quase acidentes.

Uma escolha

Uma inspeção numa
fábrica mostra o caos. Banheiros
imundos, refeitório
precário, sinalizações deficientes,
documentação irregular,
máquinas desprotegidas,
processos perigosos de trabalho,
riscos graves nas operações
produtivas.

São exigidas providências
urgentes.

Pouco tempo depois algumas
mudanças são visíveis.
Banheiros e refeitórios
reformados, faixas de sinalização
pintadas, extintores
recarregados, documentação
em ordem, cursos de treinamento
em segurança,
uma beleza.

Mais um acidente. As
máquinas continuam desprotegidas,
os processos perigosos,
os riscos presentes, a não
ser pela falsa impressão de
que tudo está mais seguro.
Proteger as máquinas
custa caro, e não foi a escolha
priorizada.
Uma fatalidade? Não!

Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente