ACM, um coronel da mídia e das cidades
A morte do senador Antonio Carlos Magalhães enterra um estilo próprio de coronelismo.
Antonio Carlos Magalhães,
morto na última sextafeira
aos 79 anos, não era um
coronel tradicional. Seu poder
não vinha da posse da terra.
Era ligado a impérios da
comunicação, como a Globo,
e aos centros urbanos.
Mas tinha o estilo dos
velhos coronéis e assim dominava
a Bahia. Os alimentos
e as pequenas obras só
chegavam nas cidades que
obedeciam suas ordens. Em
troca, ele garantia a vitória de
seus protegidos nas eleições.
ACM criou este estilo –
conhecido por carlismo – ao se
tornar um dos maiores defensores
dos militares que
impuseram a ditadura no País
em 1964. E assim dominou
a política baiana nos últimos
40 anos. Daí, retirava a força
para se compor com o governo
central e dele obter
verbas, cargos e benefícios
que reforçavam seu poder no
Estado.
A vitória de Lula nas eleições presidenciais de
2002 marca o início de sua
decadência. Ao melhorar as
condições de vida das populações
do interior, o governo
Lula tirou o poder de coronéis
como ACM. O povo
não precisava mais de seus
favores para sobreviver.
A vitória do petista Jaques
Wagner, ainda no primeiro
turno nas últimas eleições
para governador na
Bahia, e a derrota da maioria
dos candidatos carlistas confirmaram
essa decadência.
Mesmo no Congresso Nacional,
onde ainda falava alto,
seu poder diminuíra bastante.
A morte de ACM é mais
um sinal de que, na política,
este estilo está no fim. Não
que o coronelismo tenha deixado
de existir, mas agora
está revestido por uma capa
de modernidade e atua de
forma diferente.