Acordo de consignado poderá ser rompido se juro aumentar

O Sindicato poderá romper os acordos de empréstimo consignado casos os bancos aumentem os juros. O Unibanco foi o primeiro a manifestar a intenção de elevar as taxas.

Unibanco ameaça aumentar juros

O Sindicato poderá romper os acordos de empréstimo consignado caso os bancos queiram aumentar a taxa mensal de juros.
O Unibanco, que atende aos trabalhadores na Volks, Kostal e Termomecânica, entre outras, foi o primeiro. Sua intenção é elevar a taxa inicial de 1,5% para 1,99% ao mês. “É um abuso”, protesta o diretor de organização do Sindicato, José Paulo Nogueira. Isso significa um aumento de 38% na taxa de juros.
Empréstimo consignado é aquele em que as prestações são descontadas do trabalhador diretamente da folha de pagamento. Pelo fato dos bancos terem 100% de garantia do retorno do dinheiro emprestado é que a taxa de juros é um pouco mais baixa em relação aos empréstimos convencionais.
Zé Paulo lembra que o acordo assinado pelo Sindicato com a instituição segue a taxa determinada pela CUT, de 1,75%, mínimo, a 2,6%, máximo. Na Volks, por exemplo, o acordo oferece 1,55% de juros mínimos. Na Termomecânica é 1,5%.
“Quando fizemos os primeiros acordos, há cerca de cinco anos, a taxa de juros básicos (Selic) no Brasil estava por volta de 26% ao ano. Hoje é a metade. Por isso, não se justifica a intenção do Unibanco, especialmente agora”, disse o dirigente.
Segundo ele, quando o mundo todo busca alternativas de aumentar a oferta de crédito, o banco vai no caminho inverso.
Zé Paulo, adianta que se a ameaça se concretizar o Sindicato poderá romper o acordo de consignado, não só aquele que mantém com o Unibanco, mas com outras instituições que seguirem esse mesmo caminho.
Em caso de rompimento do acordo, o banco não poderá mais oferecer esse serviço.

Lucros continuam indecentes

Se o lucro é sinal de vitalidade financeira, os bancos brasileiros não têm do que reclamar.
No terceiro trimestre do ano, o Unibanco obteve lucro de R$ 704 milhões. Trata-se de uma alta de 5,6% sobre o mesmo período de 2007.
No acumulado do ano até setembro, o lucro foi de R$ 2,2 bilhões, 16,8% superior a igual intervalo do ano passado.

Bradesco e Itaú
Já o Bradesco lucrou R$ 6,015 bilhões, de janeiro a setembro deste ano, o que significa um crescimento de 3,4% em relação ao lucro do mesmo período de 2007.
Só no terceiro trimestre o lucro chegou a R$ 1,91 bilhão.
Segunda-feira, o Itaú divulgou que seu lucro alcançou R$ 1,8 bilhão no terceiro trimestre deste ano.

Bancos seguram o crédito

É no mínimo mesquinho o comportamento dos bancos diante da crise da agiotagem. O governo federal reduziu o chamado depósito compulsório para sobrar mais dinheiro para o crédito. Ao invés de colocar esse dinheiro no mercado, os bancos preferem especular com título públicos.
Compulsório é uma parte de todos os depósitos que os bancos são obrigados a recolher ao Banco Central (BC).
Funciona assim. A cada R$ 10,00 que você deposita na sua conta, uma parte o banco tem de colocar no BC. Até o início da crise, o compulsório era de 45%. Ou seja, de cada R$ 10,00 depositados o banco deveria
mandar R$ 4,50 na forma de compulsório para o BC.
Se a parcela do compulsório diminui, como agora, os bancos têm mais dinheiro para emprestar.
Com a redução do compulsório, da semana passada pra cá os bancos passaram a contar com mais de R$ 50 bilhões em caixa. Esse dinheiro, no entanto, não virou crédito ou empréstimo, foi para a especulação.
Segundo notícia na edição de ontem do jornal Folha de S. Paulo, os maiores bancos privados do Brasil também seguram esse dinheiro para, caso apareça uma oportunidade de compra de papéis ou de outra instituição financeira, terem recursos em caixa para a operação.
Ainda segundo a Folha, o presidente Lula estaria contrariado com a postura dos bancos. Na semana retrasada ele ameaçou retomar a parcela anterior do compulsório caso os bancos não liberassem o dinheiro.