Acordo define cota para carro mexicano
Revisão do acordo automotivo sai após exportações de carros do México avançarem 70%
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, confirmou ontem a adoção de um sistema de cotas móveis para a importação de veículos do México. Pelo acordo, firmado quarta-feira, na capital mexicana, as exportações mexicanas serão limitadas ao valor médio verificado nos três anos anteriores. Em 2012, por exemplo, o volume não poderá ultrapassar US$ 1,45 bilhão, média anual registrada entre 2009 e 2011.
O sistema de importação de autopeças, segundo ele, continua inalterado. “Quando é bom para os dois lados, todo mundo sai satisfeito”, disse o ministro do Desenvolvimento, que revelou que o desejo inicial do governo brasileiro era limitar as importações de veículos ao valor fixo de US$ 1,1 bilhão.
Durante o lançamento de uma fábrica de vidros planos no município de Goiana, na Mata Norte de Pernambuco, o ministro afirmou que o acordo visa reduzir o déficit comercial com o México e garantir mercado para as montadoras de veículos instaladas no Brasil. Goiana receberá uma fábrica da Fiat, prevista para ficar pronta em 2014.
“Precisamos garantir que a fábrica da Fiat tenha mercado”, disse o ministro, que aproveitou a ocasião para rebater os que apontam um processo de desindustrialização no país. “É verdade que a indústria tem dificuldades, nós reconhecemos. Muitas vezes essas dificuldades são causadas pela concorrência desleal e pela taxa de juros. Mas digo a essas pessoas que visitem Pernambuco”, ironizou Pimentel.
Ontem, em São Paulo, a Abeiva, entidade que representa os importadores independentes de automóveis, informou que a participação dos carros mexicanos no mercado brasileiro passou de 2,8% para 6,5% após o aumento do IPI aos veículos de baixo conteúdo regional. A medida atingiu em cheio principalmente as importações de carros produzidos na China, mas também afetou as vendas de marcas europeias e americanas.
Segundo levantamento da associação, 31.920 carros do México foram emplacados nos dois primeiros meses do ano, respondendo por 24,88% das importações de automóveis e comerciais leves. Esse volume foi puxado pelo sucesso de carros que a Nissan – marca que detém 3,27% do mercado brasileiro – traz de fábricas mexicanas, caso dos modelos March, Versa, Sentra e Tiida.
“Veja o que o país perdeu de arrecadação”, disse o empresário José Luiz Gandini, representante da coreana Kia no Brasil, e que entregou ontem o cargo de presidente da Abeiva a Flavio Padovan, executivo da Jaguar Land Rover. Ele lembrou que os carros mexicanos não pagam imposto de importação, enquanto os asiáticos, além da alíquota de importação de 35%, precisam agora recolher 30 pontos percentuais a mais de IPI.
“Agora estamos exportando emprego para o México”, afirmou Gandini, acrescentando que os carros do México já superam as vendas totais das marcas sem fábrica no Brasil, que somaram 21,79 mil unidades nos dois primeiros meses do ano.
As montadoras instaladas no Brasil importam carros do México para complementar o portfólio de produtos no país. Em geral, são modelos de maior valor agregado, cujo volume de vendas não justifica a produção local.
Do Valor Econômico