Acordo entre Sindicato e Mercedes é assinado na Sede
O presidente do Sindicato, Rafael Marques, e os representantes da Mercedes assinaram na segunda-feira, dia 13, na Sede, o acordo que garante o futuro da montadora em São Bernardo.
O coordenador geral do CSE na Mercedes, que também assina o documento, Ângelo Maximo de Oliveira Pinho, o Max, contou à Tribuna como foram as negociações que resultaram no compromisso de investimentos na ordem de R$ 3 bilhões.
Tribuna Metalúrgica – As negociações com a Mercedes resultaram em um bom acordo para os trabalhadores?
Max Pinho – Sim. A prova disso é a aprovação dos companheiros, em votação inédita na fábrica, com cédula e urna, em um sistema totalmente transparente e democrático, que fortalece o nosso modelo de organização sindical.
TM – Como foi esse processo de negociação?
MP – O debate sobre o futuro da planta aconteceu por iniciativa do Sindicato, quando soubemos que a matriz da Mercedes, na Alemanha, já articulava o fechamento da unidade de São Bernardo e a transferência da produção para Juiz de Fora. Barramos essa decisão por meio da luta e da unidade dos trabalhadores. Foram quase dois anos de negociações, ao mesmo tempo em que organizávamos plenárias com os companheiros em todas as áreas, que contribuíram para a construção do acordo.
TM – O que possibilitou a mudança de decisão da matriz alemã?
MP – Além da nossa organização interna, foi decisiva a conquista do novo Regime Automotivo, o Inovar-Auto. Uma política de incentivos fiscais do governo federal, que freou o ‘tsunami’ de importações que aconteciam no setor automotivo.
TM – Como isso foi determinante para o acordo?
MP – Quando o governo federal, por meio do Inovar-Auto, sinalizou às montadoras a disposição de estimular os investimentos em pesquisa e desenvolvimento em tecnologia e de reduzir tributos para aqueles que, no caso de caminhões, realizassem 11 das 14 etapas de produção no Brasil, criou o ambiente para as negociações de futuro e viabilidade da planta de São Bernardo. Se não houvesse o Inovar-Auto, provavelmente, a Mercedes iria importar motores, eixos, câmbios e peças fabricadas na Alemanha e reduziria sua capacidade fabril, com a ameaça inclusive de fechamento e a perda de milhares de empregos.
TM – Qual é o resultado prático das negociações?
MP – A garantia da permanência da fábrica em São Bernardo, com o aporte de R$ 3 bilhões em investimentos para montagem dos caminhões Actros e Accelo. Também está assegurada a produção na cidade de todos os caminhões, ônibus e agregados feitos atualmente na fábrica, bem como suas futuras gerações. Além disso, será implantado um Centro de Customização de Veículos, para fornecer caminhões com os respectivos implementos solicitados por clientes, que hoje são feitos por outras empresas.
TM – Quais serão as próximas lutas do Sindicato que influenciarão diretamente na vida do trabalhador?
MP – Duas ações do Sindicato estão na ordem do dia, a renovação da frota de caminhões e ônibus e o Sistema de Proteção ao Emprego.
O vice-presidente do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, na fábrica de Wörth na Alemanha com o novo Actros
Da Redação