Acordo Mercosul e União Europeia é prejudicial aos trabalhadores brasileiros

Mesmo com acordo entreguista por parte do Brasil, cada vez mais europeus são contra o tratado devido aos desmatamentos na Amazônia e genocídio de indígenas e quilombolas

Foto: divulgação

O acordo de livre comércio entre os países do Mercosul e da União Europeia, comemorado pelo governo e extremamente prejudicial aos trabalhadores brasileiros e à indústria nacional, é questionado por entidades europeias devido aos ataques de Bolsonaro ao meio ambiente e aos direitos humanos.

O tratado foi assinado no meio de 2019, mas para entrar em vigor precisa ser aprovado nos parlamentos dos 27 países da União Europeia. Três parlamentos já aprovaram moções contra a ratificação do acordo, Áustria, Bélgica e Holanda.

Além disso, o presidente da França, Emmanuel Macron, já indicou diversas vezes que não assinará o acordo e fez críticas a Bolsonaro e ao desmatamento da Amazônia. A chanceler alemã, Angela Merkel, que assumiu a presidência temporária da União Europeia, vem sendo pressionada por entidades de direitos humanos e ambientalistas para que o tratado não avance. Mais de 60 associações protestaram na Alemanha e 250 entidades europeias apelaram em carta para que o projeto não seja ratificado.

Os Metalúrgicos do ABC, desde a retomada das negociações entre os dois blocos econômicos, em 2017, se posicionaram contra o acordo por entenderem que a União Europeia preserva setores estratégicos da indústria enquanto o Brasil abre mão dessas proteções, isso com base no pouco de informação que existe.   

“O governo fez um acordo extremamente prejudicial aos trabalhadores brasileiros, sobretudo aos metalúrgicos, porque entrega de bandeja a nossa indústria, inclusive a automotiva. O acordo troca nossa soberania nacional por um Brasil Colônia, como no século 18, com exportação de grãos e importação de produtos industrializados”, explicou o diretor executivo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno.

No fim de junho, europeus admitiram nos bastidores que o Brasil “entregou tudo” no acordo e cedeu nos principais pontos de negociação, de acordo com fontes e conversas com o Parlamento Europeu do colunista Jamil Chade, do UOL. Inclusive o argumento de que a Europa saiu ganhando com o acordo é usado para tentar convencer os países do bloco sobre o quanto o tratado é vantajoso para a União Europeia.

Sub do sub do sub

Além de o governo brasileiro entregar a indústria nacional e seus bens com maior valor agregado, sem preservar setores estratégicos, como defesa e automotivo, sequer conseguiu sucesso ao negociar o que o agronegócio almejava, que era o aumento das cotas de exportação de carnes e grãos.

“O governo fez um acordo entreguista só para dizer que teve êxito em uma negociação comercial internacional. Mesmo assim, ao agir de forma irresponsável e genocida, exterminando comunidades indígenas e quilombolas e promovendo o desmatamento, esse governo não consegue nem garantir o que firmou no acordo”, destacou

“O desmatamento na Amazônia não é para atender nenhuma questão crucial de aumento da oferta de alimentos para população. É simplesmente para atender setores oligarcas e atrasados da elite econômica, que veem na Amazônia a oportunidade de exploração de madeira, grilagem de terra e trabalho escravo. Esse governo quer o Brasil sub do sub do sub desenvolvido. O que o nosso país precisa é de uma política econômica onde os trabalhadores e a indústria tenham um papel central para o desenvolvimento”, defendeu.

Falta transparência

O Sindicato vem cobrando informações sobre o acordo e criticando a falta de transparência do governo, que assinou o tratado que impacta todo o país sem participação da sociedade civil brasileira.

Em março deste ano, os diretores executivos dos Metalúrgicos do ABC, Wellington Messias Damasceno e Carlos Caramelo, estiveram em Brasília para debater os impactos que o tratado de livre comércio entre Mercosul e União Europeia terão para os trabalhadores na indústria e no campo.

Na ocasião, em encontro com a Seção de Comércio da União Europeia no Brasil organizado pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos, os dirigentes reforçaram a denúncia de omissão do conteúdo do tratado, que já vem ocorrendo desde o governo Temer, exigiram informações sobre o acordo e alertaram para os riscos de abertura irrestrita do comércio para a já fragilizada indústria nacional.