Acordos coletivos asseguraram emprego nas indústrias
Os acordos demonstram acerto do governo e dos parlamentares do PT, que apostam na redução da jornada de trabalho do País de 44 para 40 horas semanais, como um mecanismo de geração de novos empregos
Os acordos efetuados entre sindicatos e empresas a partir de dezembro inibiram parcialmente o avanço das demissões provocadas pelo agravamento da crise mundial. A avaliação é de dirigentes sindicais de todo o País. Entre as medidas resultantes dos acordos, o destaque vai para a redução da jornada de trabalho, que vem assegurando a produtividade das empresas e, conseqüentemente, mantendo os postos de trabalho. Empresas ligadas à cadeia automotiva, incentivadas pelo consumo decorrente da redução de impostos, normalizaram a produção e recentemente iniciaram um processo de recontratação de profissionais dispensados no fim do ano passado.
No ABC, o Sindicato dos Metalúrgicos fez acordo com 45 empresas para redução de jornada, férias coletivas, licença remunerada ou suspensão temporária do contrato (o chamado lay-off), envolvendo em torno de 14 mil trabalhadores. Desse total, nove empresas já suspenderam a redução de jornada, a maioria do setor de autopeças.
As montadoras Volkswagen, Ford, Mercedes-Benz e Scania optaram por férias coletivas na região, sendo que as duas últimas abriram um programa de demissão voluntária (PDV) para 400 e 1,2 mil trabalhadores, respectivamente, mas eles ainda não foram concluídos.
Em São Paulo e Mogi das Cruzes, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da região, foram fechados cerca de 40 acordos com empresas de autopeças, dos quais dez depois de abril. Ao todo, esses acordos garantiram estabilidade a 25 mil trabalhadores, diz o presidente da entidade, Miguel Torres. “A redução do IPI, a melhora na oferta de linhas de crédito e da inflação permitiram uma recuperação nas vendas e a manutenção do emprego quando o prazo dos acordos acabou”, afirma o sindicalista.
Os acordos, além de positivos, demonstram acerto do governo e dos parlamentares do PT, que apostam na redução da jornada de trabalho do País de 44 para 40 horas semanais, como um mecanismo de geração de novos empregos no País. “Alguns empresários brasileiros, que querem ganhar sempre, rápido e a qualquer custo, estão contrários à redução da jornada de trabalho usando o argumento de que haverá aumento nos custos com a produtividade. Ao percebemos o efeito dos acordos adotados na indústria brasileira, que salvaram milhares de postos de trabalho, não resta nenhuma dúvida sobre os efeitos positivos da redução da jornada”, afirmou o deputado Vicentinho (PT-SP).
O petista foi relator, na comissão especial da Câmara, da proposta de emenda à Constituição (PEC 231/95), que prevê a redução da jornada. A proposta foi aprovada na última terça-feira e deverá ser apreciada agora pelos plenários da Câmara e do Senado.
Avanços Tecnológicos – O deputado Fernando Nascimento (PT-PE) lembrou que os incrementos tecnológicos nas linhas de produção nacionais resultaram em um ganho significativo na produtividade dos empresários. No entanto, os benefícios não foram repassados para o trabalhador. “Somos um dos poucos países com carga horária tão elevada. O custo da produção caiu, a produtividade aumentou, mas o trabalhador ainda continua trabalhando muito”, explicou o petista.
A expectativa, de acordo com o parlamentar, é de que a redução da jornada resulte na geração de cerca de 2,5 milhões de novos postos de trabalho. “O empresário precisa compreender que quanto mais empregos, maior será o aumento no consumo interno. Isso trará benefícios para o país, que terá sua economia fortalecida, para os empresários, que terão maior demanda, e para o trabalhador, que não ficará sem emprego”, explicou.
Do Informes PT