Adrenalina

O estresse está em alta.
Não o estresse comum, aquele a que, bem ou mal, todos estamos sujeitos numa sociedade que parece, a cada dia, mais concordante com uma ordem absurda que exclui, empobrece e degrada a natureza, a saúde, a vida e as chances de um futuro melhor.
Estamos falando é de um estresse maior, muito perto daqueles que experimentamos nas situações de limite como ao saltar de uma ponte para um mergulho no rio, ao pular num precipício amarrado a uma corda elástica, o chamado bunggie-jump.
Vivemos uma situação em que nossos níveis de estresse e adrenalina ficam por horas, dias, semanas e meses nos níveis suportados por alguns minutos nas práticas dos esportes mais radicais.
Os reflexos se multiplicam com os PDV que nada tem de voluntário, ao ser apenas uma forma elegante de se tomar um pé no traseiro. Eles se manifestam na forma de angústia, apatia, isolamento, depressão, pânico e são facilmente constatados no aumento das crises de choro,
na insônia, na agressividade.
Aliás, é a agressividade, que se manifesta nessas situações de estresse, o que nos ajuda a compreender a enorme batalha pela manutenção do emprego, que significa, muitas vezes, a manutenção da vida biológica, ou seja, a própria sobrevivência.
Não há muita alternativa. Para quem sai a sensação é de derrota. Para quem fica, a alegria aliviada de quem, no seu íntimo, tem a  consciência de que ficou mais fraco, mais fragilizado, mais próximo de ser o próximo.
Ainda assim, alguns casos são diferentes. Alguns trabalhadores que deixam o emprego se comportam como se estivessem saltando para fora do trabalho. Um salto para dentro da vida. Seu choro é semelhante ao de um recém nascido. Tem um misto de dor e alegria. A dor do medo. A alegria na esperança de uma vida mais feliz.
Com esses trabalhadores temos algo de novo e importante para aprender. Talvez até para aprendermos a salvar as nossas vidas.

Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente