Água de enchente: por que evitar?
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Quando criança, a despeito dos medos incutidos pelos mais velhos, eu brincava na chuva. Normalmente, na rua de terra, a água corria dos lados, criando os córregos para os meus barquinhos. Tirando o fato da chuva ser ácida nas metrópoles (por causa da poluição) ela não faz mal.
Mas a água empoçada pode servir para o mosquito da dengue pôr seus ovos. E, nas enchentes, chegam situações piores ainda. A água transbordando (e voltando) dos esgotos traz a urina dos ratos que ali vivem. Muito comum ter nesta urina, bactérias espiroquetas. Essas bactérias são muito resistentes e podem penetrar pela pele humana se tiver feridas (não precisam sangrar) ou no seu ponto mais fino: as mucosas (boca, olhos, nariz, etc).
Uma vez dentro do organismo, a doença ocorre em duas fases, sendo que na primeira as pessoas têm poucos sintomas e quando têm é um quadro de febre, dor de cabeça, dor no corpo e tosse, que são muito comuns a outras doenças.
Por isso é importantíssimo lembrar: se você teve ou começou a ter um quadro parecido com o acima, após 2 a 7 dias (pode demorar até 13-20 dias) de ter tido contato com água de enchente, procure o médico sem esquecer de mencionar a água de enchente.
Existem exames diagnósticos de certeza (hemoculturas, sorológicos e PCR), mas com forte suspeita, o médico geralmente já começa o tratamento, que é com antibióticos conhecidos (penicilina e doxiciclina) e o importante é não chegar à fase mais grave da doença, quando pode aparecer meningite, iridociclite (inflamação do olho), neurite óptica, neuropatia periférica e hemorragia pulmonar. Nos casos graves, a mortalidade chega a 40%.
Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente