ALCA: Campanha fará oposição continental

De hoje a sexta-feira, os 34 paí-ses das Américas – exceto Cuba – se reúnem em Miami, nos Estados Unidos, para prosseguir a discussão sobre a implementação da Área de Livre Comércio para as Américas (Alca). Brasil e EUA, principais interessados, ainda não resolveram uma série de polêmicas (veja tabela nesta página). O Brasil deverá propor um novo calendário para a implantação de uma Alca light. Ou seja, fazer um acordo sem as pretensões iniciais dos norte-americanos.

Durante o encontro, grupos contrários pretendem reunir 35 mil pessoas de todo o continente em atos com o objetivo de pressionar os governos a se retirarem das nego-ciações. Também serão realizadas oficinas, fóruns e eventos educativos nos quais se discutirão alternativas à globalização neoliberal, a globa-lização no mundo africano e a outra face da Alca. O presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, participa destes debates.

>> O que os americanos querem e o Brasil não quer

Serviços – querem participar de concorrências públicas (obras, escolas, tratamento de água, serviços governamentais etc) com suas mega empreiteiras contra as pequenas construtoras brasileiras.

Bancos – não precisariam mais estar instalados no Brasil para prestar serviços. Poderiam captar recursos dos brasileiros por meio da internet, sem se submeter ao controle do Banco Central.

Investimentos – investidores estrangeiros que se considerarem lesados pelo Estado teriam direito de recorrer a um tribunal específico, passando por cima da Justiça brasileira.

Propriedade intelectual – querem dificultar a produção de remédios genéricos.

Sistema financeiro – as regras do Banco Central teriam de estar abertas à discussão internacional. Outros países poderiam exigir explicações do Congresso a respeito de leis aprovadas.

Telecomunicações – o Estado terá de vender qualquer participação nas empresas do setor. Essas empresas também não teriam de estar no Brasil para oferecer serviços como as ligações domésticas. E escolheriam os serviços que querem prestar.

Componentes nacionais – desobriga que produtos acabados produzidos aqui tenham um mínimo de componentes nacionais .

Animais e plantas – os americanos querem que plantas e animais sejam patenteados por quem estudá-los.