Alckmin esquece obras de compensação do Rodoanel

Em S. Bernardo e Mauá, ações que já deveriam estar em obras ou em licitação ainda nem têm projeto de execução

As propagadas obras de compensação pelos estragos ambientais e urbanos durante a construção do trecho Sul do Rodoanel foram esquecidas pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) no ABCD. Em São Bernardo e Mauá, algumas ações da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), que já deveriam estar em obras ou em fase de licitação para escolha da empresa que realizará os serviços, ainda não possuem nem projeto de execução.

De acordo com as Administrações das duas cidades, ambas do PT, e que sofreram os maiores impactos do Rodoanel, a Dersa altera constantemente o cronograma das obras, adiando as intervenções sem dar esclarecimentos. A Prefeitura de São Bernardo afirma que encaminhou neste mês novo pedido de explicações sobre os atrasos e não obteve resposta da Dersa. Em Mauá, a única explicação apresentada foi a revisão dos contratos firmados na gestão de José Serra (PSDB) promovida por Alckmin assim que assumiu o cargo. As obras de compensação somam mais de R$ 90 milhões em São Bernardo.

Mas mesmo os cronogramas refeitos enviados pela Dersa aos municípios estão fora do prazo. Entre os itens previstos no plano de trabalho de compensações para São Bernardo está a pavimentação, drenagem, recuperação de guias e sarjetas de 25 vias da cidade, como a estrada do Montanhão e a avenida Ângelo Demarchi. De acordo com o planejamento da Dersa, as obras de recuperação das vias já deveriam estar em fase de licitação e a execução está agendada para setembro. No entanto, o governo do Estado ainda não apresentou nem mesmo o projeto para a execução das obras. Além disso, os dois parques prometidos como compensação, Parque da Billings e Parque Riacho Grande, também estão fora do prazo. Em Mauá, a situação é a mesma. As obras de recuperação da avenida Lasar Segall até a rua Manacás, a reforma da rua Francisco Ortega Escobar e a estruturação da estrada da Servidão (ligação entre a avenida Jacu-Pêssego e a estrada da Adutora, no Jardim Paranavaí) estão atrasadas desde o início do ano. 

Santo André
Em 2009, o governo do Estado anunciou o investimento de R$10 milhões para obras de compensação no Parque do Pedroso, que estão em licitação, de acordo com a assessoria da Dersa. Até o momento, Santo André recebeu cinco computadores, uma máquina fotográfica e dois jipes como “compensação”. A assessoria de imprensa da Prefeitura não se manifestou à reportagem.

Sobre as compensações, a assessoria da Dersa afirmou: “Foram replantados no trecho Sul cerca de 2,5 milhões de mudas de espécies nativas em 1.016 hectares, ou seja, cinco vezes a área suprimida”.

MP de Ribeirão investiga destino de verba – Em Ribeirão Pires, o MP (Ministério Público) investiga o destino dos R$ 13,6 milhões enviados pelo governo do Estado para as obras de compensação viária e ambiental do trecho Sul do Rodoanel.

De acordo com José Soares, do MDV (Movimento em Defesa da Vida), o reflorestamento não foi cumprido. “O replantio das árvores deveria ter sido feito na Vila Belmiro, mas só foram plantadas algumas no Jardim Serrano. E estas poucas já nem existem mais porque foram exterminadas por uma queimada. Depois, nada mais foi feito”, disse. Em outubro de 2010, o então governador José Serra (PSDB) esteve pessoalmente no subdistrito de Ouro Fino Paulista para entregar ao prefeito Clóvis Volpi (PV) a verba destinada à compensação ambiental. Com o recurso, era previsto o asfaltamento de oito quilômetros do bairro, além do plantio de 95 mil mudas.

De acordo com a Prefeitura, também estava prevista a recuperação do viveiro municipal com duas novas estufas e o plantio de cerca de três hectares de espécies nativas. “Recebemos integralmente a compensação. Não tivemos problemas. Só não sei dizer onde foi feito o plantio das mudas”, disse Volpi.

Para José Lima, do Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente), as obras estão incompletas. “O viveiro está abandonado e o crescimento das plantas tem de ser acompanhado”.

Do ABCD Maior