Além do Rio, surto de gripe avança em São Paulo e Salvador
OMS prepara atualização da vacina contra a gripe para o ano que vem. Até lá, o uso de máscaras, ambientes arejados e distanciamento social são estratégias importantes para conter também essa doença, além da covid
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Falta de vacinas e baixa adesão da população contribuíram para surtos de gripe
Após o Rio de Janeiro reconhecer que enfrenta uma epidemia de gripe, causada pelo vírus influenza A (H3N2), a infecção também está se alastrando pelas cidades de São Paulo e pela capital da Bahia, Salvador. Na capital paulista, o surto já provoca aumento de atendimentos, tanto em hospitais públicos, como privados. Por sua vez, Salvador registrou aumento de 1.380% nos casos da doença nos últimos 14 dias, em relação ao período imediatamente anterior, de acordo com as autoridades municipais de saúde.
Somente na última semana, 19 casos de internação foram registrados na cidade de São Paulo. Para efeito de comparação, no ano passado, entre março e junho, período tradicionalmente de pico da gripe, foram 12 casos no total. Assim como ocorreu na capital fluminense, também faltam doses de vacinas contra a doença. São Paulo concluiu a campanha de vacinação contra o influenza em julho, mas apenas 55% dos paulistanos haviam se vacinado. Desde então, não há mais doses suficientes para toda a população.
Em nota, o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), afirmou que tem observado, de forma pontual, “um fluxo maior de pacientes com sintomatologia gripal”. Apesar desse movimento, o SindHosp disse que ainda não é possível afirmar que se trate de uma “tendência”.
Em Salvador, o problema é a baixa adesão à vacinação. Só neste ano, foram registrados 77 casos de influenza, sendo 74 entre o final de novembro e o início de dezembro. No entanto, diante dos números, a Secretária Municipal vem concentrando a vacinação em grupos prioritários.
Estão aptos a receber o imunizante os trabalhadores da saúde, crianças entre seis meses e 6 anos, gestantes e puérperas, pessoas com mais de 60 anos, povos indígenas e quilombolas e pessoas com comorbidades ou deficiência permanente.
Gripe X covid
A melhor maneira de se proteger contra o vírus da gripe é tomando a vacina. A má notícia, contudo, é que a atual versão do imunizante não oferece proteção contra a nova cepa H3N2, chamada de Darwin (em referência à cidade na Austrália onde foi identificada pela primeira vez). Para 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já determinou a inclusão dessa nova variante na receita das vacinas a serem produzidas e distribuídas globalmente.
Por outro lado, a boa notícia é que a letalidade do vírus da gripe é bem menor, na comparação com o novo coronavírus. De acordo com a OMS, cerca de 0,01% a 0,08% dos pacientes contaminados pelo influenza acabam indo a óbito. Para a covid-19, esse índice sobre para 2,3% globalmente. No Brasil, a Fiocruz chegou a identificar a letalidade da doença em patamares em torno de 3%.
Sintomas e cuidados
Os sintomas provocados pela cepa Darwin do H3N2, são os clássicos de gripe: febre alta com início agudo, cefaleia (dor de cabeça), dores articulares, constipação nasal, inflamação de garganta e tosse. Em crianças, principalmente, pode acarretar ainda crises de vômito e diarreia.
Diante do aparecimento desses sintomas, a recomendação das autoridades de saúde é procurar atendimento ambulatorial. Pacientes sintomáticos também devem permanecer em isolamento. Os menores, por exemplo, não devem ser levados à escola.
Além disso, as medidas de prevenção contra a gripe são praticamente as mesmas da covid-19. Assim como contra o novo coronavírus, as máscaras também oferecem proteção contra o vírus da gripe. Quanto melhor a proteção facial (modelos PFF2/N95), maior é a resistência também contra o H3N2. Nesse sentido, também é importante manter os ambientes devidamente ventilados – mais fácil agora, com a chegada da estação mais quente, do que durante o inverno.
Em função do surto de gripe, e por conta do risco de contaminação pelo vírus causador da covid-19, em especial a variante ômicron, mais transmissível, aglomerações também devem ser evitadas. Além da baixa cobertura e do escape das atuais vacinas, o alastramento do H3N2 também está relacionado com a flexibilização das medidas de distanciamento social.