Alexey Etmanov: sindicalista russo sofre dois atentados em uma semana
A Fitim pede uma investigação imediata e transparente sobre as ameaças e atentados contra os líderes e ativistas sindicais do ITUA
Notícias alarmantes foram enviadas pela Federação Interregional dos Sindicatos dos Trabalhadores na Indústria Automotiva (ITUA), uma entidade afiliada da FITIM e parceira da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), informando sobre dois ataques recentes contra o companheiro Alexey Etmanov, presidente do ITUA, que é a primeira organização de representação dos trabalhadores na Ford em Vsevolozhsk, Rússia.
Etmanov sofreu dois atentados em menos de uma semana. O primeiro foi na noite de 8 de novembro quando retornava para casa, vindo do segundo turno de produção da planta da Ford. Ele estacionou seu carro e estava caminhando na direção da sua casa quando, na rua, três agressores armados com soco-inglês correram na direção de Etmanov e o atingiram com socos sem dizer qualquer palavra.
Valter Bittencourt
Alexey Etmanov na sede da CNM/CUT em recente visita do sindicalista russo ao Brasil
Durante a briga, Etmanov conseguiu sacar sua arma e atirou com balas de borracha contra os agressores, que conseguiram fugir. A princípio, Etmanov pensou que fossem assaltantes. Entretanto, no dia seguinte o vice-presidente de Etmanov, Vladimir Lesik, recebeu uma ligação em seu telefone celular e foi alertado que o incidente não tinha relação com roubo ou qualquer outro tipo de delito. “Vocês foram levemente repreendidos, mas se continuarem a criar obstáculos para nós, iremos acabar com suas vidas”, disse o ameaçador anônimo.
Devidamente orientado, ele e a esposa passaram a não andar mais sozinhos e os companheiros do sindicato levavam Alexey para casa todos os dias e ficavam esperando ele telefonar confirmando que tudo estava bem.
Mas na madrugada desta sexta-feira (14), ele e a esposa saíram do trabalho por volta da 01h30 e como de praxe, os companheiros levaram o sindicalista para casa. Quando chegaram ao andar onde vivem viram que não havia luz no corredor, resolveram descer para o andar de baixo, que também estava sem luz.
A caminhar lentamente pela escada, viu “um vulto negro”, que saiu de trás da lixeira e disparou um tiro. Então pegou a mulher de Alexey e mandou-os descer. Os colegas do sindicato que o aguardavam no carro ouviram o tiro e invadiram o prédio. Tentaram chamar a polícia por meio do telefone celular, mas não conseguiram.
Também telefonaram para um policial conhecido e um grupo do batalhão de assalto da polícia, que chegaram ao local. Juntos, sindicalistas e policiais, conseguiram barrar a entrada e saída do prédio e deter um dos terroristas. Um segundo teria escapado pelo telhado.
O detido tem residência fixa na cidade de Volgogrado. Entre o andar onde vive o Alexey e o imediatamente inferior foram encontrados um tubo de ferro que serviria para abrir o crânio de qualquer pessoa e um celular escondido nas frestas da escada, consideradas provas e entregues à Polícia.
Antes, nos dias 24 e 26 de julho, Alexei Gramm e Sergei Brysgalov, ativistas do ITUA dentro da empresa OAO “TagAZ”, que produz carros da Hyundai em Tangaroc, também foram vítimas de ameaças depois de participarem de um piquete na portaria da empresa. Gramm e Bryzgalov tentavam captar informações sobre pagamento de salários e também fazendo com que a chefia da empresa reconhecesse o sindicato.
Em um comunicado oficial sobre as ameaças, o secretário-geral da FITIM, Marcello Malentacchi alertou sobre a forte preocupação da entidade no que diz respeito à indiferença das autoridades em relação a violação dos direitos humanos e trabalhistas e a falta de ação efetiva e imediata para assegurar que estes direitos serão respeitados. A FITIM também quer uma investigação imediata sobre os ataques ao líder sindical Alexey Etmanov e os companheiros Alexei Gramm e Sergei Bryzgalov, tão como as ameaças de morte feitas a Vladimir Lesik.
Da CNM