Alta nos juros é pedra no sapato de montadoras
Não bastasse o já tumultuado cenário do setor automotivo global por causa da pandemia e da consequente falta de semicondutores, que no Brasil se reflete em extensão de férias coletivas, aumento do absenteísmo devido à transmissibilidade da variante ômicron da covid, redução no ritmo de produção e tombo nas vendas, agora mais um entrave se soma à lista de problemas: os juros ascendentes.
Dados do Banco Central mostram que a taxa média de financiamento para veículos para pessoa física encerrou 2021 aos 26,8% ao ano e, como seu elemento balizador, a taxa Selic, continua subindo, inevitavelmente os juros para a compra do 0 km sofrerão impacto e o repasse chegará ao consumidor, que pode postergar o desejo de sentir o cheirinho de carro novo.
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, externou preocupação do setor ao citar que quase 60% dos financiamentos são feitos a partir de CDC e que os bancos de montadora deverão agir a fim de conseguir oferecer opção menos onerosa para os clientes que, diferentemente das pessoas jurídicas, não têm a possibilidade de acessar Finame, do BNDES, responsável por até 70% dos contratos.
Para Moraes é compreensível que o governo utilize como remédio para a inflação na casa dos 10% ao ano o aumento dos juros. O problema está na dosagem desse acerto. Para efeito de comparação o dirigente mencionou que, nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor está em 7% ao ano e, no entanto, o aumento dos juros foi de 0,25 ponto porcentual, para taxa de 0,25% ao ano. Ao passo que no Brasil o recente aumento foi de 1,5 ponto porcentual para 10,7% ao ano. “É claro que são economias distintas mas quero, com esse comparativo, mostrar que para estimular a economia a dose pode estar sendo exagerada. ”
Da AutoData