Alvo militar?
Os americanos e ingleses podem até derrotar Saddam. Mas no ambiente político e emocional mundial já perderam a guerra.
Oito civis iraquianos morreram ontem e cinco ficaram feridos quando um míssil caiu sobre um mercado da localidade de Nahrawan, a sudeste de Bagdá.
Foram novas vítimas dos intensos bombardeios das forças americanas que visaram, desde quarta-feira à noite e durante toda a madrugada de ontem, a periferia sul de Bagdá, onde se localiza Nahrawan.
500 mortos e mil feridos. Mil mortos e dois mil feridos. Os números parecem não importar mais. O fato é que são civis (crian-ças, mulheres, homens e idosos) que morrem no Iraque, ao contrário do que previa o “choque e pavor”, slogan criado para um ataque a alvos apenas militares.
Quando as tropas americanas tentarem entrar em Bagdá, a carnificina estará de fato armada. Os soldados já mostraram que não têm preparo para lidar com a guerra na cidade e podem atirar em qualquer pessoa. Pode ser pior, caso os americanos num gesto de covardia decidam bombardear e destruir a capital iraquiana, dizimando a maior parte da população.
O próprio editorial do jornal New York Times, o mais influente dos EUA, afirma que “não deveria ser assim. A administração Bush tinha visualizado um tipo diferente de invasão no Iraque, uma que inundaria o mundo árabe com imagens de soldados dos EUA alimentando pessoas famintas e dando cuidado médico às crianças doentes. Em vez disso, bilhões de pessoas em todo o mundo estão vendo e ouvindo relatos sobre mulheres e crianças mortas a tiros”.
Catástrofe sinalizada
Além do massacre a bala, já se prevê também um massacre pela fome. O representante da ONU no Iraque, Carel de Rooy, disse que o país enfrenta a perspectiva de uma grave catástrofe, porque em 30 dias não haverá mais comida para alimentar a população.
Segundo Rooy, a situação mais dramática é a de cerca de um milhão de crianças abaixo de cinco anos que está desnutrida em consequência do embargo sofrido pelo país há 12 anos.