Amanhã faz 20 anos da greve da CSN

 
Três trabalhadores morreram com a intervenção militar

A primeira greve em defesa de um dispositivo da atual Constituição completa 20 anos amanhã. Foi a paralisação dos metalúrgicos na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda.
A categoria cruzou os braços e tomou a empresa no dia 7 de novembro de 1988 para reivindicar a implantação do turno de trabalho de seis horas em empresas que produzem sem interrupção, direito que acabara de ser aprovado na Constituição. Pediam ainda a reposição salarial e a reintegração dos demitidos por atuação sindical da empresa, na época uma estatal.
O movimento foi manchado por diversas atitudes antidemocráticas.
Dois dias depois do inicio da ocupação, soldados do Exército e do Batalhão de Choque da Polícia Militar cumprem um pedido de reintegração de posse e invadem a usina de forma violenta. O conflito acabou com a morte de três operários e cerca de uma centena de feridos.
A greve continuou até o dia 23 de novembro, quando os trabalhadores conquistaram parte das reivindicações. O presidente do sindicato na época, Juarez Antunes, foi eleito para a prefeitura de Volta Redonda e assassinado dois meses depois da posse.

Privatização
No dia 1º de maio do ano seguinte, foi erguido na praça que leva o nome do sindicalista um memorial em homenagem aos três operários, projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. Na madrugada depois do lançamento um atentado destruiu o monumento. Começava a se preparar o ambiente de terror entre a população para abrir terreno à ideia de privatização da CSN.
A participação do Exército no atentado ao monumento só foi revelada em 1999. A cidade ainda passou por outras greves e viu a demissão de 70% dos funcionários da empresa e sua a privatização, no governo de Itamar Franco, no ano de 1993.