América Latina: Base dos EUA traz risco para a região

A presença de tropas militares norte-americanas em solo paraguaio pode ir muito além da ajuda que o EUA querem dar ao país vizinho no combate ao narcotráfico ou às populações pobres.

O movimento de 400 soldados de Bush foi monitorado e estudado pelo Centro de Estudos Estratégicos Sul-Americanos (CEES) e publicado pela Agência Adital. Para o CEES, a presença tem relação com o conceito estratégico que os EUA estabeleceram depois de 11 de setembro de 2001, pelo qual a luta contra o terrorismo passou a ser fundamental.

Segundo Carlos Pereyra Mele, secretário de Interior do Centro, o mais grave é que os efetivos norte-americanos no Paraguai têm o estatus de funcionários diplomáticos administrativos.

Assim, podem entrar e sair do país quando desejarem, transportar livremente armas sem que as autoridades locais possam revistar.

Vigilância

Os norte-americanos estão na Base de Mariscal Estigarribia, uma localidade de apenas 3.000 habitantes, no Chaco paraguaio, situada a 250 quilômetros da Bolívia, próxima às províncias argentinas de Formosa e Salta. Conta com uma pista de 3.800 metros, que permite a aterrisagem de aviões de grande porte.

Segundo o CEES, os EUA poderiam controlar as reservas de gás e petróleo da Bolívia. Além disso, por estarem no coração do continente é possível deslocar tropas à Tríplice Fronteira (que também inclui Brasil e Argentina), onde mora uma importante comunidade árabe.

De lá, os EUA também podem monitorar a segunda maior reserva de água doce do planeta, o Aqüífero Guarani.

“Considero que a instalação de tropas norte-americanas é um dos golpes mais fortes que a administração Bush descarregou sobre o Mercosul”, afirma Mele.

O Paraguai nunca escondeu que se sente a margem do comércio da região.

Além disso, as poucas probabilidades de implantação da ALCA e a aproximação do Mercosul com países da Ásia, especialmente com a China, podem ter apressado uma negociação bilateral entre os EUA e o país vizinho, possibilidade que os dirigentes paraguaios não negam.