Anfavea pede para montadoras saírem da ABVE, em disputa de poder pelo rumo dos carros elétricos
No mês de abril, quatro fabricantes se desfiliaram da ABVE, entidade que reúne empresas de quase toda a cadeia de veículos elétricos
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) tem orientado suas associadas a se desfiliarem da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Segundo fontes do setor, que falaram sob condição de anonimato, o motivo é garantir seu protagonismo nas negociações com o governo de um programa de eletrificação dos carros no país. A nova entidade, por sua vez, reivindica participação no debate sobre a política automotiva voltada à descarbonização dos meios de transporte.
No período de 10 a 14 de abril, três montadoras – Stellantis (dona de Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën), Toyota e Renault se desligaram da ABVE. No dia 26 foi a vez da Audi. Todas alegam que o motivo é concentrar representação na Anfavea. Nos bastidores há relatos de que as empresas foram orientadas a escolher uma única entidade, embora a regra não conste em seu regulamento.
Entre as fabricantes, duas ainda permanecem na ABVE, a General Motores e a Nissan. A Ford também segue nas duas associações, mas, desde 2021, deixou de produzir veículos no país e passou a ser importadora. No grupo de automóveis leves da entidade também estão as chinesas GWM e BYD, que não estão na Anfavea, e as importadoras de modelos premium Porsche e Volvo.
O tema mais urgente a ser discutido, pautado pelo governo, é a volta da alíquota do imposto de importação de 35% para carros elétricos e híbridos. A taxação para elétricos está zerada desde 2015 e, para híbridos, vai até 4%. A Anfavea defende o retorno gradual ou total das tarifas, mas com estabelecimento de cotas isentas para modelos prontos ou desmontados (CKD para montagem local). O presidente da ABVE, Ricardo Bastos, afirma respeitar a decisão das empresas, mas acredita ser possível um diálogo para juntar forças. Ele assumiu o posto no dia 14 de abril, logo após o início da debandada de montadoras.
Do O Estado de São Paulo