Ao menos 4 mil cirurgias foram canceladas por greve de médicos de Madri, diz governo

Pelo menos quatro mil procedimentos cirúrgicos foram cancelados nos sete primeiros dias da greve dos médicos em Madri, informou o Conselho de Saúde da Espanha. A paralisação dos serviços, que não excluiu o tratamento de casos urgentes, teve início no dia 25 de novembro.

O protesto foi convocado contra a reestruturação da saúde pública da capital espanhola, cujos detalhes foram divulgados no início de novembro e apontam para uma grande privatização do setor. A intenção do governo regional é de que um terço dos hospitais madrilenhos seja administrado pela iniciativa privada e que nenhum centro de saúde fique apenas nas mãos de entidades públicas.
 
De acordo com o conselheiro do órgão, Javier Fernández-Lasquetty, apenas 20% dos funcionários aderiu à paralisação, liderada pela Afem (Associação de Especialistas Facultativos de Madri) e pelo Comitê Coordenador Profissional. A informação contrasta com o número divulgado pelo movimento grevista de que ao menos 70% dos profissionais participaram do protesto.

É a primeira vez que as autoridades espanholas divulgam dados sobre as consequências da paralisação no serviço de saúde público, que entra em sua quarta semana.

Até o dia 13/12, o governo não tinha demonstrado disposição em negociar com o movimento grevista, afirmando, até então, que a aplicação do plano de austeridade na saúde era inevitável e que poderia apenas discutir como aplicar as medidas. Ignácio González, o presidente do Conselho de Saúde, mudou o discurso e sugeriu que pode haver mudanças no projeto de privatização. As autoridades, no entanto, ainda não convidaram as lideranças grevistas para uma reunião.

Enquanto isso, o movimento continuou a realizar encontros entre os setores para determinar os serviços mínimos que vão continuar em funcionamento nas paralisações total dos dias 19 e 20.

Outra medida anunciada, dentro do plano de austeridade para a saúde, é que, independentemente da classe social do paciente, todos deverão pagar um euro a mais para a compra de cada medicamento. Em setembro, a Espanha já tinha implementado outras ações, como o fim do acesso de imigrantes ilegais ao sistema de saúde pública.

 

Do Opera Mundi