Apesar da deflação puxada pela gasolina, preço dos alimentos segue em alta

Medidas eleitoreiras do governo não têm impacto direto no bolso dos brasileiros que seguem sem conseguir encher o carrinho

Em agosto, puxado pela ligeira queda no preço dos combustíveis, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador da inflação do país, apresentou deflação. Apesar disso, o preço dos alimentos registrou mais uma alta. No mês, o grupo de alimentos cresceu 0,24%, o 9º aumento mensal seguido. No acumulado de 12 meses, o percentual chegou a 13,43%, acima da inflação geral. 

Neste mês, de acordo com o levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo), o preço médio do litro da gasolina caiu de R$ 5,17 para R$ 5,04, uma diminuição de 2,5%.

Foto: Adonis Guerra

O diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, avaliou que as ações eleitoreiras do governo não refletem de forma positiva no bolso do consumidor.

 “O governo realizou operações supérfluas, ações pontuais e eleitoreiras, sobre a gasolina para tentar reverter isso em voto, o que tem impactado no índice oficial da inflação. Mas de fato esse índice não reflete na vida dos trabalhadores, no mercado ou nas demais necessidades básicas. A conta de luz e de água continuam muito caras e, principalmente, o preço da despesa no mercado continua subindo”.

O dirigente analisou ainda que como não foi feita a mudança na política de paridade do preço internacional do petróleo, o problema da alta dos preços no Brasil não é resolvido.

“Essa redução da inflação é maquiada pela ação do governo que não fez a mudança na política de paridade do preço internacional do petróleo, mas que só mexeu no imposto para alterar o preço da gasolina, mas não o fez no diesel. Ele não mexeu nos combustíveis, com isso o valor do frete e do transporte de mercadoria continuam muito caros, o que impacta no valor dos alimentos”.

Sem estoques reguladores

Outra questão apontada por Wellington é que o governo também não tomou nenhuma medida para garantir estoques reguladores no país.

“Não existe hoje uma medida para que a população tenha assegurado os estoques básicos e isso tem inflacionado o preço de carne, derivados de leite e alimentos de primeira necessidade que são os itens da cesta básica”, completou.

Diante dessa realidade, a deflação registrada não é sentida pelos consumidores na hora de fazer a compra do mês nos mercados do país. Ainda, vale ressaltar, que esse aumento no preço dos alimentos impacta, de forma mais preocupante, as famílias com renda mais baixa, visto que são itens básicos.

Nos últimos 12 meses, alguns itens subiram mais de 70%, o que representa uma alta expressiva. Confira a lista com os produtos que mais aumentaram no período.

•             Cebola: 92,27%;

•             Mamão: 85,29%;

•             Melão: 99,42%;

•             Melancia: 52,65%;

•             Leite longa vida: 61,15%;

•             Manga: 45,81%;

•             Café moído: 46,49%;

•             Farinha de trigo: 36,17%;

•             Maçã: 35,14%;

•             Banana prata: 30,70%;

•             Pão de forma: 26,11%.

Fonte: IPCA