Apesar de liminar do TSE, panfleto contra Dilma continua circulando em igrejas de SP

TSE acolheu pedido do Partido dos Trabalhadores sobre impressos descobertos em gráfica de São Paulo. Campanha quer saber quem financiou panfletos


 As imagens são desta terça-feira, 19 de outubro. Fotos: Roberto Parizotti

Mesmo com a liminar concedida pelo TSE determinando o recolhimento dos panfletos contra o PT e a candidata Dilma Rousseff, os papeis ainda estavam disponíveis em igrejas de São Paulo.

As imagens da matéria, feitas nesta terça-feira, 19, um dia após a determinação do TSE, foram tiradas próximo ao altar da igreja Santo Antonio, na praça do Patriarca, São Paulo, SP.

Leia abaixo matéria do iG sobre a determinação do TSE e o pedido de investigação da campanha de Dilma Rousseff.


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concedeu ao PT neste domingo uma liminar que permite o recolhimento dos panfletos religiosos contra a sigla, descobertos ontem em uma gráfica do Cambuci, zona sul de São Paulo.

Os cerca de 1 milhão de panfletos que estavam sendo produzidos pela Editora Gráfica Panda foram encomendados pelo bispo da Diocese de Guarulhos, Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, e recomendava o voto contra o Partido dos Trabalhadores em virtude de suas posições sobre o aborto. Com a liminar obtida pelo PT, os panfletos serão recolhidos pela Polícia Federal e encaminhados à Justiça Eleitoral para avaliação de possível crime eleitoral.

A PF está nesse momento na sede da gráfica com dois caminhões para recolher o material. Durante toda a madrugada cerca de 50 militantes do PT fizeram vigília na frente da gráfica Pana para impedir que o material fosse retirado do local antes da obtenção da liminar pelo TSE.

O dono da gráfica, Alexandre Ogawa e o pai dele, Paulo Ogawa, acompanham a operação da Política Federal. Os dois apresentaram à PF os documentos que comprovam que o pedido da impressão dos folhetos foram feitos a pedido do bispo católico. Segundo os donos, o religioso chegou a encomendar 20 milhões de cópias, mas a gráfica tinha capacidade apenas para imprimir 2 milhões e 100 mil cópias, que seriam distribuídos em eventos religiosos católicos, pregando o voto contra Dilma Rousseff (PT).

A gráfica chegou a imprimir 1 milhão e 100 mil exemplares do panfleto, que foi entregue ainda do primeiro turno. O documentos tem o timbre da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas segundo Dom Pedro Stringini, não representavam a opinião da entidade máxima da igreja católica no Brasil.


Panfletos continuam a circular nas igrejas, mesmo depois da determinação do TSE. Na foto, eles estão no altar da igreja Santo Antonio, na praça do Patriarca, São Paulo, SP. Foto: Roberto Parizotti

Campanha quer saber quem financiou panfletos
O coordenador jurídico da campanha da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), anunciou medidas judiciais adotadas contra a distribuição de milhões de panfletos com logomarca da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e que orientam os católicos a não votar em Dilma Rousseff.

Segundo ele, a Polícia Federal vai investigar a origem dos panfletos, mas pelos nomes das pessoas envolvidas há fortes indícios de que a campanha adversária, de José Serra, esteja envolvida com a confecção dos impressos.

“Embora não possamos fazer acusações definitivas, há indícios veementes que esse panfleto pode ter sido produzido pelo nosso adversário. A gráfica tem como sócia Arlety Kobayashi, irmã de Sérgio Kobayashi, que é o coordenador de infraestrutura da campanha do candidato José Serra. É indiscutível a relação da proprietária da gráfica com o PSDB e com o candidato José Serra. Sendo assim, é evidente que não poderíamos deixar de ter postura pública e pedir explicação sobre esses fatos”, analisou Cardozo.

O que a campanha quer, segundo ele, é apontar quem encomendou, quem pagou e quem distribuiu os panfletos. “Não se pode achar que seria feito por amadores. É um custo altíssimo, e a distribuição é difícil. Se fosse o PT, por exemplo, para distribuir esses 20 milhões de panfletos, teria que convocar toda sua militância”, analisou.

Polícia Federal
Ontem, a pedido da coligação, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que a Polícia Federal apreendesse 1,2 milhão de panfletos na gráfica Pana, na região do Cambuci, em São Paulo. Mas, segundo o PT, o dono da gráfica afirmou que o pedido inicial seria de 20 milhões, que ele não teve como atender.

Até agora, ninguém assumiu a autoria dos panfletos. A CNBB divulgou nota dizendo que desautoriza a publicação e que não tinha conhecimento da distribuição dos panfletos. A campanha tucana também se manifestou dizendo que tem não relação com a história.

O presidente estadual do PT, deputado Edinho Silva, contou como o partido descobriu os milhões de panfletos. Segundo ele, um cidadão foi encomendar um serviço da gráfica, viu os panfletos e resolveu denunciar. Ele telefonou no sábado para o secretário de comunicação do partido e, como o diretório estadual estava reunido, foi possível fazer a mobilização.

“Quero dar os parabéns porque a denúncia partiu de cidadão que se revoltou e avisou o PT. E reconhecer a determinação da nossa militância, pois da denúncia até a apreensão teve uma vigília na gráfica para evitar que o material fosse retirado”, disse Silva.


Foto: Roberto Parizotti

Telemarketing
Cardozo informou também que ainda hoje a campanha ingressará com um pedido de investigação junto ao TSE contra uma campanha de telemarketing que está sendo realizada pelo candidato adversário.

“Há relatos em matérias dos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas de pessoas em todo Brasil que estão recebendo ligações de uma central de telemarketing. Pedem se há algum eleitor de Marina Silva na casa e daí se faz propaganda contra Dilma Rousseff, com calúnias e difamações. Essa é uma prática ilegal. Há que se perguntar quem tem recursos para pagar esse tipo de campanha, que é caro. Estamos diante de uma eleição dura e disputada, mas há regras. Quem faz críticas não pode fazer no subterrâneo. Ética não pode ser usada de forma retórica, quem age com ética faz crítica à luz do dia”, disse o coordenador da campanha.

Ele fez um apelo aos eleitores e cidadãos para desmontar a central de boatos. “Pedimos que se as pessoas receberem telefonemas de telemarketing desse tipo gravem e nos passem, para nós denunciarmos os autores. Estamos criando e-mail em defesa do comportamento ético das eleições (denuncie@btadvogados.com.br). Aquele que receber informações indevidas nos avise para chamarmos os policiais e acionarmos o TSE. Queremos chegar aos autores dessa questão”, pediu.

*Atualizado às 19h30

Com iG / Último Segundo e Portal Dilma 13