APL de Ferramentaria do ABC começa a sair do papel

A formação do Arranjo Produtivo Local vai permitir que a região enfrente com vantagem seus concorrentes internacionais


Foto: Rossana Lana / SMABC

Representantes do Sindicato e das associações das indústrias de máquinas (Abimaq) e de fundição (Abifa) reúnem-se na quinta-feira (26/1) e iniciam a construção da proposta que apresentarão ao BNDES para conseguir recursos destinados a formação do APL de Ferramentaria do ABC.

A decisão foi tomada na última quarta-feira (18/1), durante reunião que formalizou a existência do APL na Câmara de São Bernardo, com a participação do Sindicato, empresários, prefeituras de São Bernardo e Diadema, associações patronais e da área de formação profissional.

“Apoiamos a iniciativa porque ela gera empregos de qualidade e fortalece a produção nacional para enfrentar as importações”, afirmou Nelsi Rodrigues, o Morcegão, diretor-executivo do Sindicato.

“O País não pode mais financiar a construção de montadoras que trazem ferramentas de fora, fechando postos de trabalho aqui e acabando com nossa capacidade de inovação”, completou.

Para Carlos Manoel de Carvalho, vice-presidente da Abimaq, com o apoio do BNDES será possível fazer investimentos em novos produtos, fusões de empresas e compra de matéria prima. “O leque é grande, por isso precisamos definir exatamente do que precisamos”, disse. 

Iniciativa quer evitar repetição da quebradeira de 1990
APL significa arranjo produtivo local e, no caso do ABC, pretende reunir as ferramentarias de todos os portes da região que façam a mesma coisa, tenham o mesmo foco e os mesmos clientes.

Com as empresas atuando de maneira organizada, a tendência é diminuírem seus prazos e serem mais eficiência, oferecendo preços mais competitivos às grandes empresas. Estas optariam pelas vantagens da produção local e diminuiriam muito as importações, diminuindo o grande dilema da indústria nacional hoje.

O Sindicato apoia para evitar o ocorrido nos anos 1990, quando grandes empresas nacionais quebraram ou foram vendidas muito abaixo do em virtude da política praticada pelo governo da época que favorecia empresas multinacionais.

Hoje, ao contrário, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) investe na produção nacional incentivando, por exemplo, os APLs.

É neste espaço que o Sindicato pretende atuar para a formação de fortes grupos nacionais que compitam em pé de igualdade com empresas estrangeiras.

O setor de moldes e ferramentas emprega 13 mil trabalhadores na região (cerca de 10% dos metalúrgicos do ABC). Em todo o Brasil, são cerca de 150 mil trabalhadores diretos.

Governo federal compreendeu proposta, diz Sérgio Nobre
Para atingir seus objetivos, o Sindicato tem consciência que é necessário envolver o governo federal no projeto. Por isso já se reuniu com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, os secretários executivos dos ministérios da Fazenda e da Ciência e Tecnologia, o diretor da área automotiva do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio e o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.

“Conseguimos colocar para o governo federal nossa visão sobre o papel estratégico que a área de ferramentaria desempenha na indústria nacional”, destacou Sérgio Nobre, presidente do Sindicato.

“Eles compreenderam nossas propostas de um projeto de fôlego, que reúna as grandes, médias e pequenas empresas do setor para trazer benefícios a todos”, concluiu.

Da Redação