Aposentadoria: A Previdência que o patrão quer
No bonde da reforma da Previdência, que a grande mídia insiste em fazer passar a
todo instante, embarcou uma proposta de empresários que limita, e muito, o
acesso aos benefícios, especialmente às aposentadorias. No fim da linha está a
privatização da parte boa do setor.
Assinada por 90 entidades
empresariais, a principal mudança é no conceito da Previdência. Hoje, o sistema
é chamado de repartição ou solidário, onde os trabalhadores em atividade e
empresas pagam e os benefícios, pensões e aposentadorias são distribuídos a
todos os que têm direito.
Pela proposta dos empresários, o sistema seria
de capitalização e funcionaria assim: fica mantido o sistema de repartição, mas
limitado a três salários mínimos (hoje R$ 1.050,00) e dentro das atuais
regras.
O que fosse maior de três mínimos seria depositado num fundo ou
aplicação à escolha do trabalhador. Ou seja, privatizam-se os maiores e mais
lucrativos benefícios e entrega-se a parte boa da Previdência aos especuladores.
Saco de maldades – Os empresários reservaram outras maldades em sua
proposta. Uma delas é a idade mínima para a aposentadoria. Atenção você que está
aí no pé da máquina desde jovenzinho: essa idade seria de 67 anos. Hoje, não
existe idade mínima para a aposentadoria e sim o tempo de contribuição, que é de
35 anos.
Outra das maldades é a criação da renda básica do idoso. Hoje,
quem completa 65 anos e tem um tempo mínimo de contribuição se aposenta com um
salário mínimo. A proposta prevê a aposentadoria aos 67 anos e com renda básica
equivalente a meio salário mínimo.
A proposta dos empresários prevê ainda
a completa desvinculação do salário mínimo do piso da Previdência.
A mais cruel das maldades ficou reservada para o trabalhador rural. Ou
ele se aposentaria aos 67 anos e receberia a renda básica (de meio salário) ou
passaria a contribuir mensalmente como os demais trabalhadores. Quem veio da
roça sabe que uma proposta como essa colocaria o trabalhador rural com mais
idade na completa indigência.
Reforma não está na nossa
agenda
O secretário-geral do Sindicato, Rafael Marques, condenou
a proposta das 90 entidades empresariais e reafirmou que elas surgem
porque a elite insiste em pautar o assunto e impor uma agenda ao governo. A
mídia, como porta-voz da elite, dá voz a esses interesses.
“É tudo
especulação. O governo repetiu várias vezes que não haverá reforma na
Previdência e, sim, melhoraria sua gestão como o combate a fraudes e a
sonegação”, lembrou ele, reafirmando apoio às medidas de gestão.
Para
reforçar a idéia da disputa provocada pela mídia neste tema, Rafael lembra de um
debate sobre imprensa feito no Sindicato há dois anos onde o jornalista Paulo
Moreira Leite, na época diretor de redação do jornal Diário de São Paulo,
comentou duas situações nas quais os jornais vendem mais.
Uma é quando o
Corinthians ganha. Outra, quando a manchete é algum assunto relacionado à
aposentadoria ou Previdência.