“Aqui foi plantada a semente da democracia”, diz Rafael

Em 2013 nosso País foi sacudido por grandes mobilizações e passeatas no mês de junho. O protesto contra as condições do transporte público e outros serviços de péssima qualidade levou milhões de jovens às ruas num impulso de participação, exigindo mais democracia.

Nosso Sindicato valorizou e apoiou as manifestações, mas denunciou com firmeza as tentativas que setores poderosos da mídia fizeram para manipular os protestos, tentando jogar aquela energia juvenil contra os avanços obtidos pela classe trabalhadora desde que Lula foi eleito presidente da República.

Assumimos com vigor a bandeira da luta por uma Reforma Política que garanta mais fidelidade partidária e o financiamento público de campanha para eliminar a corrupção eleitoral.

Agora, em 2014, nosso Sindicato vive um período muito importante para estimular essa participação de­mocrática. Convoca a categoria para eleger com seu voto direto os companheiros e companheiras que despontam como mais preparados, dedicados, corajosos e firmes para compor a direção, honrando a invejável tradição de lutas e conquistas que marca a história de nossa entidade.

Foi aqui em nossa base que nasceu um novo sindicalismo, combativo e enraizado nas bases, que enfrentou de peito aberto a violência da ditadura, promoveu greves proibidas, sofreu intervenções, prisões, demissões e perseguições de todo tipo. Foi plantada aqui a semente que se espalhou pelo País inteiro, despertando a nação para exigir democracia, eleições diretas, condições dignas de trabalho e salários decentes.

Toda essa coragem e disposição de luta sempre foram acompanhadas de maturidade para rea­lizar negociações e compreender a fundo a situação das empresas, buscando acordos que sempre garantiram os interesses dos trabalhadores.

O resultado é que atingimos um dos melhores níveis salariais do Brasil e da maioria dos países no segmento metalúrgico. Poucas empresas ignoram nossa força. Nosso Sindicato já mostrou e provou que não aceita truculência patronal, obrigando muitas vezes a recuos para anular demissões e outros desmandos.

A partir do governo Lula, passamos a ter mais voz e influência em Brasília, conseguindo participar ativamente na elaboração de medidas que, pela primei­ra vez na história, constroem uma política industrial voltada para a inovação e avanços tecnológicos e competitivos, sem lesar nossos direitos de trabalhadores, como verdadeiros produtores que somos.

Todos esses passos precisam ser mantidos e reforçados. Mesmo porque o prolongamento da crise internacional que o capitalismo vive desde 2008 volta a projetar preocupações a respeito do emprego e dos salários, depois do espetacular avanço do período Lula, quando nossa categoria cresceu de 78 mil para 100 mil trabalhadores e o salário médio subiu acima da inflação.

Agora é o momento de você, companheiro metalúrgico e companheira metalúrgica, que fazem parte dessa história de avanços e vitórias, oferecer uma contribuição direta, firme, simples e clara no sentido de participar ativamente na discussão sobre os rumos do País.

Um Sindicato só é forte, só é ouvido e respeitado pelos patrões e pelos governos, quando conta com forte apoio e participação de suas bases. O comparecimento ma­ciço, de todos e de todas, sem exceção, na segunda etapa de votação, é absolutamente necessário para que os dirigentes se sintam encorajados a lutar pelos nossos direitos, com total segurança e confiança.

Como você sabe, a partir de 1999 nosso Sindicato lançou mais uma iniciativa revolu­cionária e pioneira para garantir um verdadeiro enraizamento no chão de cada fábrica. Sem esperar que as leis fossem alteradas, demos um salto em nossa democracia interna.

Os trabalhadores já votaram numa primeira etapa nos seus próprios colegas de trabalho para constituir os Comitês Sindicais de Empresas. Agora, na segunda etapa ocorre a eleição para definir a diretoria geral do Sindicato, composta unicamente pelos que foram eleitos dentro da própria firma. Essa mudança já foi adotada por vários outros sindicatos do ramo metalúrgico.

Uma forte assembleia com 1.600 participantes aprovou no dia 9 de fevereiro, um domingo, o processo eleitoral deste ano, indicando o calendário eleitoral e as 92 empresas mais a AMA-ABC que elegeram seus Comitês Sindicais nos dias 25 e 26 de março, somando um total de 279 repre­sentantes. A segunda etapa de votação acontecerá nesta quarta e quinta, 7 e 8 de maio.

Como presidente do Sindicato, me sinto muito hon­rado em dirigir a você esta mensagem, como se olhasse nos olhos e apertasse a mão de cada um, pedindo uma ampla participação de todos e de todas nestes últimos momentos de votação. Digo mais: essa resposta maci­ça deve ser vista como condição para que tenhamos força nas negociações, sempre muito difíceis e longas, para garantir avanços salariais, melhores condições no Acordo Coletivo e novos produtos e empresas para se implantarem em nosso território, o ABC.

Como presidente, venho insistindo em quatro eixos centrais deste novo momento de participação ampliada:

1) Enxergar os companheiros como um ser social com necessidades que começam na sua casa, no seu bairro, na sua cidade, pois uma sociedade mais justa e democrática, com garantia de oportunidades para homens e mulheres começa a ser construída com o exercício da Cidadania, com participação e propostas de ações concretas.

2) Promover um verdadeiro salto nos investimentos empresariais e do poder público na área da Educação, com universalização do ensino técnico de qualidade, erradicação do analfabetismo, garantia de creches para todas as crianças, aproximação entre Universidade e classe trabalhadora, acesso de todos e de todas às faculdades de distintos ramos; estímulo à igualdade plena entre mulheres e homens; inclusão social e racial; estender as mãos para uma gigantesca juventude que vem sendo excluída e protesta exigindo ser reconhecida e ou­vida, não apenas como futuro da Nação, mas também como parte vital de nosso presente;

3) O Trabalho é o coração do Sindicato, o motor. É o eixo fundamental para nossas ações. É o que nos move. A partir do Trabalho nos organizamos, reivindicamos e caminhamos na busca de melhorar a vida do trabalhador e construir uma sociedade mais justa e igualitária. Primeiramente, pelo emprego, por meio da luta pela manutenção e ampliação dos postos de trabalho. Também na participação de fóruns decisivos na construção de uma política indus­trial para o setor metalúrgico, desde a implantação do novo Regime Automotivo, o Inovar­-Auto, ate o desenvolvimento de projetos para as autopeças, máquinas, ferra­mentaria, defesa, entre outros, que tragam investimentos para o ABC.

4) Lutar pela democratização dos meios de Comunicação de massa, exigindo a aprovação de um novo marco regulatório que garanta o fortalecimento e a multiplicação de canais populares como a TVT e a Rede Brasil Atual de rádio, fortalecendo a pa­lavra de ordem de nosso último Primeiro de Maio: “eu quero falar também”.

Por tudo isso, conto com você para uma bela demonstração de força em nossa eleição sindical, provando mais uma vez que os meta­lúrgicos do ABC seguem orgulhosos de sua garra, de sua combatividade, de sua consciência cidadã. Sempre mobilizados e organizados, de mangas arregaçadas para exigir respeito aos nossos direitos e avanços que garantam um Brasil melhor para nossos filhos e nossas famílias.

São Bernardo do Campo, 5 de maio de 2014.

Rafael Marques