Argentina impede importações de máquinas brasileiras, diz Anfavea

Neste ano o Brasil ainda não exportou máquinas agrícolas para a Argentina, o seu maior cliente nesse mercado. O motivo: o vizinho parou de emitir licenças não automáticas para as importações de tratores e de colheitadeiras.

Há cerca de dois anos, a Argentina começou a exigir a emissão dessas licenças nas operações de compra dos produtos brasileiros.

Apesar de a medida não estar prevista no acordo automotivo do Mercosul, a emissão das licenças não automáticas é permitida pela OMC (Organização Mundial do Comércio) e, até o final do ano passado, não impedia as exportações brasileiras para a Argentina.

Desde dezembro, no entanto, o ritmo dessas licenças diminuiu e, em 2011, nenhum embarque foi autorizado, segundo Milton Rego, vice-presidente da Anfavea (associação dos fabricantes de veículos automotores).

“Há pedidos de licença que aguardam resposta há mais de cem dias”, afirma.

A OMC estipula um prazo máximo de 60 dias para a emissão das licenças. “Perdemos a melhor época de vendas de colheitadeiras na Argentina”, acrescenta Rego, lembrando que a maior parte da colheita no país vizinho deve terminar neste mês.

“Se um produtor quiser comprar, não existe trator e colheitadeira na Argentina.” O Brasil, de acordo com ele, é responsável por 80% a 90% do mercado de máquinas agrícolas naquele país.

No ano passado, a Argentina comprou 27,6% das máquinas exportadas pelo Brasil. Em janeiro, as exportações totais brasileiras caíram 8% em relação a dezembro, segundo dados da Anfavea.

Segundo Rego, a retração reflete a paralisação do comércio entre os dois países.

Da Folha de São Paulo