Argumento dos patrões é furado

As empresas tiveram excelente aumento de produtividade nos últimos dez anos, mas esse ganho não foi repartido com os trabalhadores pois ainda existem 3,3 milhões de desempregados no País.

A denúncia é do presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM) da CUT, Carlos Grana, ao defender projeto que tramita na Câmara Federal e reduz a jornada de trabalho de 44 para 40 horas. “A medida traria um forte crescimento do emprego”, afirma.

Grana usa dados da própria Confederação Nacional da Indústria para rebater o argumento dos patrões, de que a jornada menor inviabiliza as empresas.

“Eles mesmos dizem que o custo médio da mão de obra representa 22% do produto final. A redução de 9,09% da jornada – de 44 para 40 horas – amplia esse custo em apenas 1,99%”, explica.

O dirigente ressalta que, do ponto de vista do trabalhador, as 40 horas estão longe de ser um luxo, já que a jornada atual é uma das maiores do mundo.

Vantagens
“Nossa jornada é de 2.112 horas por ano. Na Alemanha são 1.428 horas; no Japão, 1.809; na Itália, 1.619; e na Espanha, 1.807. Isto demonstra que jornada menor não implica perda de competitividade, já que estes países possuem economias desenvolvidas, dinâmicas e altamente competitivas”, destaca Grana.

“A combinação dos fatores positivos dessa medida gera um círculo virtuoso na economia: diminuição no desemprego – aumento da demanda – aumento da produtividade do trabalho – aumento da competitividade – aumento da arrecadação tributaria – crescimento econômico – melhoria da distribuição de renda – redução dos acidentes e doenças do trabalho – aumento da qualificação do trabalhador”, conclui o presidente da CNM.