As armas e as autopeças
De acordo com a RAIS, do Ministério do Trabalho, o Brasil possui cerca de 25 estabelecimentos produtores de armas e equipamentos bélicos (sendo 12 dedicados à produção de armas e 13, à produção de equipamentos bélicos). Esses estabelecimentos estão concentrados nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Em 2003, estes 25 estabelecimentos empregavam 5.227 trabalhadores. Com a eventual vitória do sim – como francamente desejamos – no referendo de domingo, o que acontecerá com estes empregos?
Certamente, na hipótese de aprovada a proibição, a produção do setor poderá sofrer uma retração acentuada. Neste caso, será importante que as empresas realizem uma reconversão de sua produção, deixando de viver exclusivamente da venda de armas e munição.
Assim, as fábricas produtoras de armas poderão então reproduzir a experiência de algumas empresas de autopeças nos últimos anos. Algumas das tradicionais fábricas do setor automotivo, que antes produziam tão-somente autopeças, diante do novo cenário de perda de mercados para os grandes fornecedores multinacionais, passaram a ter que se orientar em parte para outros mercados.
Só para citar alguns exemplos, a empresa paulista Zenettini Barassini, que antes se concentrava na produção de peças de freio, passou a fabricar também copos de plástico e liquidificadores; a Metalúrgica Antonio Pedro, tradicional produtora de tampas de óleo de motor em São Caetano, passou a produzir dobradiças, suportes de móveis de escritório e painéis de fogão; a Metagal, antiga produtora de retrovisores, em Diadema, passou a fornecer suporte de aparelhos celulares; a Molas Falbo, em Santo André, agora fatura também com molas de decoração e brindes, e a Irmãos Chiea, que fornece peças de elevadores e escadas rolantes.
A escolha da população deve ser livre e democrática. Mas é importante que a decisão seja pelo sim, tomada com respaldo no mais amplo conjunto de informações.
Subseções Dieese da CUT Nacional e Sindicato dos Metalúrgicos do ABC