As dificuldades do setor automotivo para prever o dia seguinte
Ambiente macroeconômico e persistente crise no fornecimento global de semicondutores agrava o quadro de incertezas
Há poucos dias, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, disse que o setor nunca teve tanta dificuldade para enxergar o cenário a curto prazo como hoje. A persistente crise no fornecimento global de semicondutores agrava o quadro de incertezas. Acrescenta mais dúvidas às que já perturbam o setor em relação ao ambiente macroeconômico do país.
Por isso, a apenas dois meses do encerramento do ano, a entidade decidiu trabalhar com mais de uma projeção tanto para produção como para vendas e exportações. A produção poderá variar entre 2,12 milhões e 2,21 milhões de veículos. Isso representa aumento de 6% a 10% em relação a 2020. As vendas podem variar de 2,03 milhões a 2,11 milhões, o que corresponde a uma queda de 1% ou crescimento de 3%, respectivamente.
Já as exportações tendem a ficar entre 357 mil e 377 mil unidades, o que equivale a uma alta de 10% a 16% em comparação com o resultado de 2020. Depois do forte impacto provocado pela pandemia, os fabricantes de veículos nunca se mostraram tão desolados como agora por não poder atender consumidores que circulam de concessionária em concessionária em busca do modelo desejado.
É um paradoxo o país com graves problemas de inflação, alta dos juros e elevado índice de desemprego ter filas de espera por carros zero-quilômetro. Não poder atender o consumidor também levou, nos últimos dias, a Fenabrave, a associação que representa os concessionários, a refazer cálculos para o 2021. Em janeiro a entidade tinha uma expectativa de as vendas de veículos crescerem 16% em 2021 na comparação com 2020. Em julho, baixou a projeção para 11,6% e no início deste mês, para 4,8%.
Do Valor Econômico