As lições do mestre
Morreu na noite de sábado para domingo, aos 100 anos, em Paris, o etnólogo e antropólogo belga Claude Lévi-Strauss, de acordo com um porta-voz da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris, na França. As informações são do jornal francês Le Monde.
Para muitos que não o conheceram, Lévi-Strauss, conhecido como pai do estruturalismo cultural, foi durante alguns anos professor e um dos fundadores, na década de 1930, do curso de sociologia e política da USP.
Sua importância, para além dos estudos antropológicos que realizou com várias tribos indígenas no Brasil, e do livro que escreveu a respeito da biodiversidade e da diversidade étnica da América Latina, foi a grande contribuição na difusão do relativismo cultural em todo o mundo.
Esse relativismo cultural se contrapôs fortemente ao evolucionismo que predominava na antropologia entre 1870 e 1930, e que difundia as ideias de raças superiores, da degenerescência de mestiços e da desvalorização das culturas diferentes do padrão europeu, discriminando negros e indígenas.
Junto com outros antropólogos como Franz Boas e Malinowski, Lévi Strauss pregou o respeito ao outro e a suas opções culturais. Ensinou a tolerância ao diferente, o não preconceito à diversidade e a aceitação das outras formas de organização sociocultural.
Mais do que isso, ele nos lembrou sempre da nossa transitoriedade neste planeta que, segundo ele, já existia antes da humanidade e continuará a existir depois dela.
Que as lições do mestre nos guiem na forma de encarar, aceitar e tolerar os tantos diferentes com quem convivemos no dia a dia.
Ah! De que morreu Lévi-Strauss?
Morreu de tanto viver, que é como todos deveriam ter o privilégio de morrer.
Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente