As primeiras em suas categorias
Mães, dirigentes de muito tempo, avós, dirigentes em primeiro mandado, militantes e observadoras. Em comum, todas enfatizam a luta pela igualdade.
Fotos: Rossana Lana / SMABC
Militante e mãe pela primeira vez
“Eu gosto de participar do Sindicato. A luta sindical é importante para defender nossos direitos. Fiquei muito feliz pela conquista dos 180 dias de licença maternidade, mas acho que ainda é pouco, temos de lutar por um tempo maior. Ser mãe é uma boa experiência e tenho que trabalhar fora para garantir uma vida melhor para minha filha e para mim”
Mônica dos Santos Bezerra, operadora de montagem na TRW, que participou do encontro com Lorenza no colo, sua primeira filha e hoje com cinco meses.
No primeiro mandato
“É uma honra e um mérito estar aqui (no sindicato). No ano passado, quando a Comissão de Mulheres Metalúrgicas esteve na porta da fábrica para convocar o 2º Congresso, me perguntei: o que elas estão fazendo? Sentia uma distância e achava que aquele congresso seria um porre. Mas fui e hoje estou apaixonada pelo Sindicato. Como a gente viu naquela ilustração do Lula sendo preso nos convocando para sermos todos Lula a partir de agora, vamos ser todas Dilma”.
Sandra Regina da Silva Domingues está em primeiro mandato sindical. Faz parte do CSE na Melling.
“Quando entrei na fábrica não tinha idéia do que era o Sindicato. Mas fui prestando atenção e vi que aqui (sindicato) é o meu lugar. Também me apaixonei. Eleita para o Comitê Sindical na Scania sei que meu trabalho é conscientizar as pessoas, porque a luta é que o que muda”.
Leila Patrícia Santana do Nascimento está em seu primeiro mandato sindical. Ela é também a primeira mulher no CSE na Scania
A primeira vez no Sindicato
“Me arrependi de não ter vindo outras vezes ao Sindicato. A gente tem muito haver com tudo isso aqui, mas se tranca no trabalho, em casa. Aí decidi vir para ver o encontro e achei muito interessante. O Sindicato tem de se abrir mais, abrir mais espaços para a gente discutir os nossos direitos”.
Liomar Santos Alcantra, operadora de máquinas na Backer, sócia do Sindicato há 21 anos, mas que esteve pela primeira vez na entidade neste encontro. Ela é avo e mãe de três filhas.
“A gente faz uma idéia diferente do Sindicato e quando vê um encontro como esse se sente contaminada. Nos fechamos na fábrica e aqui encontrei mulheres de outras empresas e percebi que são comuns os nossos problemas. Comecei a trabalhar e achava que não ficaria nem um ano no serviço porque não via o que fazia. Executava uma operação e não sabia o que acontecia lá na frente. Depois passei a conhecer o resultado do que faço e o trabalho passou a ser mais prazeroso. Participei do grupo que vai defender a cota de 30% de mulheres nas fábricas e concordo que podemos ocupar postos masculinos. Lá na Ford há soldadoras, inspetoras de qualidade e outras funções que há um tempo atrás a montadora nem pensaria em contratar mulheres”.
Helenir Paula de Almeida, montadora de caminhões na Ford há 16 anos, também sócia e a primeira vez que esteve no Sindicato.
“O que me chamou a atenção foi a união e a união faz a força. A luta sindical é importante para haver uma entidade forte. Como vou debater sozinha com o meu encarregado um direito? E a gente sabe que lá fora tem mulheres com a mesma necessidade que eu. Por isto é preciso estarmos unidas como neste encontro. O encontro foi 10. Você pega uma opinião aqui e outra ali e está posto o debate. As opiniões das meninas são fortes. Uma grande conquista é a licença maternidade de 180 dias que vou desfrutar em breve”.
Terezinha Martins Silva, prensista na Dura, de Rio Grande da Serra, há 3 anos, esteve pele primeira vez no Sindicato.
A primeira na Comissão de Fábrica na Volks
“Em 1964 quando entrei na fábrica tinha 20 anos e não podíamos engravidar. Ou éramos demitidas quando a fábrica descobria a gravidez ou assim que déssemos a luz. A licença maternidade era de 50 dias. Também não podíamos ir trabalhar de calças compridas. Estou muito feliz em chegar aos 67 anos e ver o quanto avançamos. Minha luta não foi em vão. Quando fui eleita para a Comissão de Fábrica minha primeira briga foi para abrir a escolinha Senai para o ingresso de meninas. Sabia que não poderia errar na tarefa de representação porque tinha uma torcida, inclusive da fábrica, para que eu não desse certo no cargo. Costumo dizer que meu prato preferido é macarrão com manjericão, mas me alimento mesmo é de política. A mulher tem se ser vaidosa, cheirosa e feminina, mas não pode esperar que façam por ela. Tem que lutar por seus direitos”
Olga Irene do Nascimento, metalúrgica aposentada
A primeira do Senai para a diretoria
“As duas primeiras meninas que entraram no Senai da Volks saíram da fábrica ao final do curso. Fui a primeira a ficar. Nesses 18 anos enfrentei muitos desafios e se desistisse de me manter no emprego daria um argumento para a fábrica fechar as vagas femininas. Acho que isso tudo estimulou a me tornar uma militante e chegar à diretoria do Sindicato. Outro motivo para a militância foi ver o Sindicato como a fábrica, que são mundos masculinos, os quais temos de transformar e abrir mais às trabalhadoras”.
Michele Marques, inspetora de medidas na Volks e diretora do Sindicato.
Da Redação