As tarifas de Trump e o reposicionamento do Brasil
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Em mais um capítulo das ações unilaterais de Donald Trump para resgatar o poderio norte-americano no cenário mundial, o presidente dos Estados Unidos anunciou uma taxação específica de 50% para a entrada de produtos brasileiros no país a partir de agosto.
Esse anúncio foi feito tendo como argumentos (1) o suposto déficit dos EUA no comércio com o Brasil, o que é claramente falso – o déficit é da economia brasileira, de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos; e (2) o seu apoio aos golpistas da extrema direita brasileira, buscando interferir no processo judicial em curso no STF. O Brasil não poderá abrir mão de sua soberania e independência diante da tentativa de um governo estrangeiro interferir em suas instituições, e isso coloca o tema das ‘negociações’ como algo impraticável nos termos colocados por Trump.
O movimento norte-americano tem outros significados. De um lado, a desarticulação de todos os elos das cadeias produtivas em caráter global, o que coloca em xeque não apenas o Brasil, como todas as grandes economias do planeta. De outro, a articulação da extrema direita internacional, buscando atacar governos não alinhados com essa força política. Por fim, o embate com o multilateralismo e a expansão do BRICS, que já concentra parte significativa da população e do PIB (Produto Interno Bruto) mundial.
As decisões de Trump têm potencial de risco iminente para a economia brasileira, especialmente nas regiões com exportações para os Estados Unidos, caso do Grande ABC. E sua reversão, mais do que uma capacidade de negociação dificultada pelos descabidos argumentos do governo norte-americano, dependerá da articulação entre sindicatos, representações empresariais e movimentos sociais dos dois países, frente ao ataque trumpista.
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