Asbrasil: Chega de Rotatividade!

Os trabalhadores na Asbrasil fizeram protesto ontem pelo fim da rotatividade e chamaram a atenção para importância da ratificação da convenção 158 da OIT, que impede a demissão imotivada.

Asbrasil: Chega de Rotatividade!
Os trabalhadores na Asbrasil fizeram protesto ontem pelo fim da rotatividade e chamaram a atenção para importância da ratificação da convenção 158 da OIT, que impede a demissão imotivada.
Protesto ontem pela
manhã envolvendo os companheiros
e companheiras
na Asbrasil, de São Bernardo,
denunciou a forte rotatividade
de trabalhadores
promovida pela fábrica.

“Toda semana sai uma
leva de metalúrgicos e em
seguida novos são contratados”,
explicou Juarez
Barros, o Buda, diretor do
Sindicato.

Com a rotatividade,
afirma Buda, a empresa rebaixa
sua folha de pagamento
e precariza direitos. “A
Asbrasil joga a sua redução
de custos na costas do trabalhador”,
protesta.

O ato de ontem serviu
para chamar a atenção sobre
a importância do Brasil assinar
a convenção 158 da Organização
Internacional do
Trabalho (OIT), que coíbe
a demissão imotivada. Hoje
não há nada que impeça
as empresas de demitirem
livremente.

Sem escola – O protesto também foi
contra a atitude da empresa,
que impossibilita os trabalhadores
de buscar qualificação
e estudo.

A Asbrasil manda o trabalhador
optar pelo emprego
ou pela sala de aula. “É
contra a lógica e ao contrário
das demais empresas, nas
quais os trabalhadores são
estimulados a estudar e a se
qualificar, pois isso melhora
a qualidade da mão de obra
e do produto”, apontou
Buda, para quem no padrão
Asbrasil essa valorização
não é importante. Ele avisa
que se a empresa continuar
com essa política, mobilizações
como a de ontem serão
repetidas.

Rodar para tirar

O resultado do processo
de rotatividade é
que, apesar do crescimento
do emprego e de
melhores resultados nas
negociações coletivas, o
salário médio dos trabalhadores
continua rebaixado
e representa hoje
80% do valor de 1995.

“As empresas praticamente
anulam os efeitos
dos ganhos obtidos
nos acordos coletivos, à
medida que os trabalhadores
são demitidos e
novos trabalhadores são
contratados por salários
menores ou ainda pelo
piso salarial”, acrescenta o
secretário-geral da Confederação
Nacional dos Metalúrgicos
da CUT (CNMCUT),
Valter Sanches.

Ou seja, todo efeito
dos ganhos de produtividade
e aumentos de preços
são integralmente apropriados
pelas empresas através
do lucro e não compartilhados
com os trabalhadores e
a sociedade.

Troca no setor é das maiores

Há um nível de rotatividade
no mercado de
trabalho, mas no ramo metalúrgico
a substituição de
trabalhadores é maior.

A constatação vem de
estudo da subseção Dieese
da CNM-CUT, mostrando
que as taxas de rotatividade
da mão-de-obra nos últimos
10 anos se mantiveram
em patamares entre 25% a
32%.

Em 2007, de uma média
de 1.814.593 trabalhadores
na categoria, 740.378
foram admitidos e 560.136
demitidos.

Tempo de casa – Comparando o tempo
de emprego com países desenvolvidos,
o Brasil também
perde, de acordo com
o mesmo estudo.

Aqui, a média é de três
anos e meio e 45% dos metalúrgicos
não chegam a dois
anos de tempo de serviço.

A média de tempo de
trabalho na Alemanha é de
10,4 anos, no Japão é de
10,9 anos, no Canadá é de
7,8 anos e na Inglaterra, 7,9
anos.