Assembleia define parâmetros para negociar com Mercedes

A decisão foi tomada por cerca de sete mil trabalhadores na montadora de São Bernardo, que também autorizaram o Sindicato a continuar conduzindo as conversas com a empresa

 

Paulo de Souza / SMABC

Em assembleia realizada nesta segunda-feira (3) diante da Sede, cerca de sete mil trabalhadores na Mercedes-Benz definiram os parâmetros para as negociações com a empresa e autorizaram o Sindicato a conduzir as conversas.

As propostas foram apresentadas pelos próprios companheiros nos últimos dias e tiveram o objetivo de apresentar alternativas para evitar demissões na fábrica em São Bernardo, já que a montadora comunicou a existência de trabalhadores excedentes na produção.

Na condução da assembleia, o presidente do Sindicato e trabalhador na Mercedes, Sérgio Nobre, lembrou que momentos parecidos já haviam sido enfrentados e superados no passado e que o mesmo vai acontecer agora.

“A situação hoje não é mais como antes, quando a Mercedes demitia e ponto final”, lembrou. “Conquistamos o respeito da empresa e atualmente o diálogo é constante”, prosseguiu.

“Por isso vamos continuar negociando com a Mercedes até chegarmos a um acordo que assegure a permanência dos companheiros na fábrica”, afirmou o dirigente.

Essa negociação teve início na Campanha Salarial do ano passado e está sendo conduzida com êxito por utilizar praticamente todas as alternativas possíveis para evitar demissões.

Sérgio Nobre salientou também que o governo federal está adotando uma série de medidas para reativar as vendas de caminhões.

O setor sofreu queda acentuada neste ano em consequência da crise europeia e da nova lei de emissão de poluentes, que tornou o veículo caro com a implantação do Proconve 7 (Euro 5).

O presidente do Sindicato considerou as medidas governamentais bem vindas, mas destacou que seus efeitos não são imediatos. “A verdadeira solução para o problema é a volta das vendas de caminhões em patamares elevados”, disse.

Propostas do Sindicato para reaquecer o mercado
Ainda durante a assembleia, Sérgio Nobre lembrou as duas propostas apresentadas pelo Sindicato ao governo federal para reaquecer o mercado de caminhões.

“Nossas sugestões foram bem recebidas pelos Ministérios da área econômica e os estudos para sua viabilidade estão em andamento”, revelou o presidente do Sindicato, que nesta segunda viajou a Brasília para debater o assunto.

A primeira proposta prevê a renovação frota de caminhões, com foco nos que possuem mais de 20 anos de idade e nos caminhoneiros autônomos. Eles representam 46% da frota total do País e possuem os veículos mais antigos que rodam nas estradas brasi­leiras.

Esses caminhoneiros poderiam trocar seus veícu­los em um modelo pareci­do com o programa Minha Casa, Minha Vida, onde receberiam subsídios governamentais para a compra do novo caminhão, desconto das montadoras, isenção de impostos e facilidades para financiamento por meio do BNDES.

Segundo Sérgio Nobre, a segunda proposta é a criação de um fundo de manutenção do Emprego, que funcionaria com a multa de 10% sobre o FGTS do trabalhador demitido que os patrões pagam ao governo e arrecada três bilhões de reais por ano.

Inspirado no fundo alemão chamado Kurzarbeit, que significa jornada de traba­lho com tempo reduzido, a iniciativa brasileira teria funcionamento é simples.
Quando surgem dificuldades econômicas – como agora na Mercedes –, a empresa reduz a jorna­da de trabalho ou interrom­pe totalmente a produção. Por dois anos o fundo custeia essa paralisação ou redução de jornada e evita demissões durante o período.

“Estamos indo para a Alemanha conhecer detalhes da experiência deles, que há 40 anos funciona como uma salva-guarda dos empregos em períodos de crise”, contou Sérgio Nobre.

Ele embarca para o país europeu no próximo dia 23 para conhecer a experiência alemã. Na volta, o dirigente deve se reunir com representantes do governo e apresentar uma proposta para sua criação no Brasil.

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Da Redação