Assembleia lança Frente Parlamentar em Defesa da Qualificação Profissional
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A Frente Parlamentar em Defesa da Qualificação Profissional, lançada nesta segunda-feira, 26/9, apontou a necessidade de se criar um plano estadual em busca da melhoria da mão de obra. Em seminário coordenado pelos deputados Carlos Grana (foto) e Ana do Carmo, ambos do PT, o secretário estadual do Trabalho, Davi Zaia, presente no lançamento, ponderou que o governo tem buscado, através de convênios, oferecer cursos de qualificação.
Ele citou os convênios feitos com o Centro Paula Souza, com entidades do chamado sistema S (Senai, Senac, Sesi e Sesc), e com o próprio governo federal, na busca de atender a demanda da indústria e do comércio paulista. Zaia dimensionou o desafio, afirmando que “São Paulo tem uma população de 40 milhões de habitantes, exerce atividade diversificada na indústria, comércio e agricultura”. Segundo ele, aproximadamente 50 mil pessoas devem passar por curso de qualificação profissional este ano.
Grana classificou como “pífios” esses dados. “Falta uma política pública de qualificação profissional”, reforçou. O percentual de apenas 0,3% do orçamento estadual reservado à Secretaria do Trabalho foi criticado pelo parlamentar. Já o programa Via Rápida, também do governo estadual, foi considerado superficial, insuficiente.
Outra coordenadora frente, Ana do Carmo, relatou as dificuldades que a oposição enfrenta para aprovar medidas sociais importantes. “O projeto de lei que versa sobre Trabalho Decente, aprovado pela Assembleia, foi vetado pelo governador”, exemplificou. Ela ressaltou, porém, que a bancada petista continua empenhada por essas conquistas.
Debatedores
O representante da CUT, Rogério Gianini, lembrou que a falta de qualificação profissional já serviu de instrumento para responsabilizar o trabalhador brasileiro pelos altos índices de desemprego na década de 1980. Ele reconheceu o momento diferente que o país atravessa, de “crescente emprego”.
O investimento público na qualificação profissional deve ter contrapartida do empregador, defendeu o sindicalista. “Deve haver o mínimo de garantia no emprego, evitando a rotatividade. É desperdício investir e não se aproveitar desse conhecimento ministrado”. Gianini entende que esses cursos devem trazer também noções de cidadania e não apenas “instrumentalizar o trabalhador”.
Já diretora do sindicato dos funcionários do Centro Paula Souza, Denise Ikala, disse que a qualidade dos cursos das escolas técnicas (Etec) e faculdades de tecnologia (Fatec) tem caído bastante graças a ações do governo do Estado, que desvinculou o ensino médio dos cursos técnicos e pelos baixos salários pagos aos profissionais desses centros. “Sem dinheiro não há qualidade. Em educação, não há soluções fáceis e rápidas”, alertou Denise.
Outro participante do debate, Tarcísio Secoli, da Secretaria de Coordenação Governamental de São Bernardo do Campo, entende que é necessário investir na qualidade do ensino fundamental e médio. “Cerca de 30% dos cursos de qualificação são usados para ministrar matérias do ensino médio”, disse, exemplificando que há porteiros e seguranças que não conseguem escrever recados simples.
Representando as micro e pequenas empresas, Rogério Grofi (Simpi-SP) disse que seu discurso, muitas vezes, se confunde com o dos sindicatos dos trabalhadores, pois é favorável ao fortalecimento do mercado interno, da qualificação profissional e da consequente melhora salarial.
Ao final, Ana do Carmo projetou as novas ações da frente, que deve organizar seus debates por setores da atividade econômica, como a construção civil, comércio e agricultura.
Da Assembleia Legislativa de São Paulo