Assessor do Sindicato é o novo ministro de Direitos Humanos

Paulo Vannuchi é o novo ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH). Assessor político do Sindicato há mais 20 anos, Paulinho, como é conhecido pela categoria, dedicou grande parte da sua vida à denúncia da tortura durante a ditadura militar.

O assessor político do Sindicato, Paulo Vannuchi, o Paulinho, assumirá hoje o cargo de ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH).

Criada no início do governo Lula para articular e implementar as políticas públicas voltadas para a promoção e proteção dos direitos humanos no Brasil, a Secretaria perdeu o status de ministério há pouco menos de cinco meses.

Até essa data a Secretaria foi conduzida pelo ministro Nilmário Miranda. Em julho, lei aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente devolveu o status de ministério e desfez um dos atos do governo Lula mais criticados pelos movimentos e entidades da área.

Dedicação

“Esse é o tema de minha vida”, disse ontem Vannuchi ao se despedir da diretoria do Sindicato. “Nós perdemos, mas o Brasil ganha”, respondeu o presidente do Sindicato José Lopez Feijóo, ao falar do perfil de Vannuchi para o cargo.

Ele afirmou que a Secretaria terá como primeira missão a abertura dos arquivos da ditadura militar prometida pelo governo até o final deste ano. “É um assunto sempre tratado com muito cuidado e há uma pressão forte dos familiares dos desaparecidos políticos”, afirmou.

A escolha de Paulinho foi feita semana passada pelo presidente Lula, de quem é amigo pessoal, depois do assessor político lhe apresentar uma lista com 47 nomes que poderiam ocupar a pasta. “O presidente me disse que todos aqueles nomes eram bons, mas escolheu a mim. Acho que ele preferiu ter gente próxima por perto”, enfatizou Vannuchi.

Ele é a terceira pessoa a ter assessorado o Sindicato a ocupar um cargo no governo. As outras são Matilde Ribeiro, secretária da Igualdade Racial e Oswaldo Bargas, secretário do Ministério do Trabalho.

Vida dedicada a denunciar a tortura

A militância política de Paulo Vannuchi, 55 anos, vem do final dos anos 60 quando entrou para o Centro da Faculdade de Medicina da USP, curso que não concluiu.

Foi preso político em São Paulo em 1971 e um dos 34 signatários do dossiê entregue a  OAB,em outubro do ano de 1975, arrolando os nomes de 233 torturadores, descrevendo os métodos de tortura, as unidades onde eram praticadas, e apresentando uma lista dos assassinados desde 1964.

Ele trabalhou na equipe que realizou o projeto de pesquisa Brasil Nunca Mais, exaustivo levantamento das torturas e dos assassinatos praticados pelos organismos de repressão política durante o regime militar.

É autor de alguns capítulos e do texto final do livro publicado pela Editora Vozes, hoje na 31ª edição, coordenado por Dom Paulo Evaristo Arns, ex-cardeal-arcebispo de São Paulo.

Desse período até 1985 fundou e foi membro do Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae, ministrando programas de formação política para comunidades de base em bairros pobres da periferia de São Paulo.

Depois, foi coordenar o Departamento de Formação do Sindicato, onde se  tornou assessor político e consultor. Também foi assessor político do PT na Câmara de Vereadores de São Paulo e acompanhou todas as campanhas eleitorais de Lula, além de coordenar o Instituto Cidadania.