Associação Heinrich Plagge realiza ato de solidariedade a metalúrgico preso na Volks e torturado durante ditadura

Desembargador reformou sentença de primeira instância e responsabilizou a vítima. Entidade luta para que justiça reveja posição

Foto: Divulgação

Na última quinta-feira, dia 22, a Associação Heinrich Plagge realizou ato de solidariedade em frente ao TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) durante julgamento do caso Antônio Torini, trabalhador na Volks, em São Bernardo, preso e torturado durante a ditadura no início dos anos 1970. Na data, a 6ª Turma acolheu embargos do Ministério Público Federal “com efeitos infringentes”, ou seja, que podem alterar o mérito da decisão.

Três anos atrás, o desembargador Luís Antonio Johonsom Di Salvo, reformou a sentença de primeira instância e responsabilizou a vítima. Assim, Torini teria confrontado a lei, em pleno regime de exceção e sob a vigência do AI-5. O juiz usou ainda o termo “direito repressivo”. Para ele, Torini sabia das “consequências jurídicas dos seus atos” ao cometer, como dizia a ditadura, crimes contra a segurança nacional.

“Estivemos lá, companheiros solidários, por entendermos que afrontar a memória de um trabalhador que foi preso e torturado é afrontar a memória de todos. Elegemos o caso Torini por esperarmos que a justiça reveja a sua posição, pois se estamos no estado democrático de direito, isso não pode ser negado”, afirmou o presidente da Associação, Tarcísio Tadeu Garcia Pereira. “Continuamos firmes, vigilantes e, se precisar, voltaremos mais uma vez lá na porta do Tribunal”.

Regime de exceção

Filiado ao PCB, Torini foi preso em agosto de 1972. Segundo relatou, permaneceu detido durante 49 dias no Dops de São Paulo e passou por torturas seguidamente. Libertado, foi demitido pela montadora e sofreu condenação pela Justiça Militar. Nunca mais conseguiu emprego até morrer em 1998.