Até quando?: Senador mantinha trabalho escravo em fazenda

Fiscais do Ministério do Trabalho e agentes da Polícia Federal libertaram 32 trabalhadores em situação de escravidão de uma fazenda do senador João Ribeiro (PFL-TO), localizada em Piçarra, no sul do Pará.

O grupo trabalhava 12 horas por dia, inclusive aos sábados e domingos, e há mais de um mês não recebia qualquer pagamento. Os trabalhadores eram obrigados a pagar pelas ferramentas e não dispunham de banheiro nos barracos onde ficavam alojados.

Eles foram contratados para desmatar uma área nas terras do senador. Para chegar ao local enfrentavam uma travessia a balsa de 40 minutos no Rio Araguaia e faziam uma longa caminhada pela floresta.

Inicialmente o senador não quis se pronunciar, alegando que havia feito uma cirurgia dentária e está de licença médica até o início desta semana.

Depois divulgou nota para desmentir as acusações. Segundo ele, os 32 trabalhadores tinham sido contratados só para limpar o pasto.

O político argumentou ainda que a fazenda, com 160 alqueires e 300 cabeças de gado, não justificaria a contratação de trabalhadores permanentes para fazer o serviço. Mas confessou: “Infelizmente não foram adotadas as medidas legais na contratação do pessoal.”

>> Vergonha

O procurador Marcelo José Fernandes da Silva, que participou da operação de resgate dos trabalhadores, desmentiu o senador e disse que as condições do local eram desumanas. “Os barracos eram cobertos com palha de babaçu e não tinham paredes. Uma latrina, na sede da fazenda, era utilizada pelos trabalhadores. O local é imundo. O chão é de terra batida e chove muito dentro da casa. É lamentável, uma vergonha, que se encontrem cada vez mais homens públicos envolvidos nessas denúncias”, desabafou Fernandes da Silva.