Ativistas criticam mídia por ignorar reivindicações dos pobres
Em vez de dar destaque às reivindicações da população, os veículos da velha mídia optam por cobrir o dia a dia de favelas em páginas policiais, na visão de correspondentes comunitários do Viva Favela, ONG do Rio de Janeiro. Para driblar preconceitos e estereótipos, uma das vias defendidas é a produção própria de conteúdo.
Para Angelina Miranda, jornalista de Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, estar na velha mídia não precisa ser o único objetivo. “Não estou certa de que as corporações por trás desse sistema querem mudá-lo. O melhor é que continuemos nós mesmos a produzir e republicar nosso conteúdo sem intermediários”, desafiou.
O debate abriu o 1º Encontro Nacional de Correspondentes Comunitários do Viva Favela nesta segunda-feira (18). O evento estende-se até esta sexta-feira (22) no Rio de Janeiro e tem o objetivo de avaliar os dez anos do portal criado pela entidade para incentivar o jornalismo comunitário. O evento inclui ainda oficinas, debates sobre políticas de comunicação e de cultura, além de shows.
Segundo a jornalista Rosilene Miliotti, da comunidade Maré, na zona norte da cidade do Rio, as equipes de reportagens de jornais policiais e de programas populares de rádio e TV não acompanham “quando é uma coisa legal”, mas apenas “quando tem tiroteio”. Mesmo demandas de segurança têm pouco espaço, na visão dela.
“A imprensa invade a comunidade com a polícia, mas não faz reportagens sobre a nossa cultura ou nossos artistas”, lamentou o jornalista Ivan Luiz. Embora ele se referisse à periferia de Salvador, a descrição é semelhante. “Temos uma classe média que cresce com a oferta de serviços e que ninguém descobriu.”
Da Rede Brasil Atual