Ato em Brasília: Metalúrgicos querem fim da rotatividade
Mais de 2.000 metalúrgicos
de todo o País estiveram
ontem em Brasília levando
várias reivindicações, entre
elas a ratificação do artigo
158 da Organização Internacional
do Trabalho, que
impede a demissão sem motivo.
“A previsão para o próximo
ano é de cerca de 10
milhões de demissões imotivadas.
Não dá para aceitar,
ainda mais considerando que
estamos há vários anos em
crescimento econômico”,
protestou Valter Sanches, secretário
geral da Confederação
Nacional dos Metalúrgicos
da CUT (CNM-CUT),
entidade que promove a manifestação.
Contrato – Ele comentou que a
rotatividade é um mecanismo
perverso, pois corrói o
salário. É por isso que a Confederação
quer também o
contrato coletivo nacional,
com piso valendo para todos
os metalúrgicos do País.
Se o patrão economiza
ao provocar a rotatividade,
quem sai perdendo é o País.
Valter Sanches lembrou que
no ano passado o governo
federal gastou mais de R$ 10 bilhões para pagar o segurodesemprego.
Neste ano a previsão é gastar mais de R$ 12 bilhões
para atender cerca de 6 milhões
de trabalhadores que
deverão ser demitidos sem
justa causa e com mais de seis
meses de trabalho.
Governo apóia metalúrgicos
O ministro do Trabalho,
Carlos Lupi, disse ontem
que tanto ele como o
presidente Lula são favoráveis
à ratificação da convenção
158 da OIT.
O Brasil havia ratificado
a convenção em 1995, mas
um ano depois, durante o governo
FHC, ela foi cancelada
por pressão da Confederação Nacional da Indústria.
Agora, para valer outra
vez, é preciso aprovação do
Congresso Nacional. Na tarde
de ontem, uma comissão
de metalúrgicos esteve no
Senado e participou de audiência
pública pedindo que
projeto de lei da ratificação
seja votado em plenário.
“Queremos sua aprovação
o mais rápido possível”,
concluiu Sanches. Hoje,
os metalúrgicos irão participar
das manifestações da
CUT no Dia Nacional de
Mobilização que, entre outras
reivindicações, exige a
manutenção do veto do presidente
Lula à emenda 3,
que permite a precarização
do trabalho.